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Bolsonaro faz pouco caso da pandemia

21/03/2020
Bolsonaro faz pouco caso da pandemia | Jornal da Orla

Completamente diferente da postura do prefeito Paulo Alexandre Barbosa foi a do presidente Jair Bolsonaro, que enfureceu boa parte da população brasileira —inclusive a parcela que foi decisiva e votou nele em 2018 para evitar a volta do PT.

Bolsonaro fez pouco caso da pandemia, chegou a classificar como “histeria” e ainda deu péssimo exemplo, ao incentivar seus apoiadores que participassem de protestos, no domingo passado (15). Com suspeita de estar contaminado, deu abraços, beijos, apertou mãos, manuseou celulares alheios… tudo o que as autoridades sanitárias, inclusive o ministro da Saúde de seu governo, reprovam.

 

Eleitores furiosos
A reação veio a galope: milhares de críticas nas redes sociais e, na noite de quarta-feira (18), um gigantesco panelaço em várias cidades brasileiras. 

Além disso, e mais grave ainda, foi a demora para anunciar medidas governamentais para atenuar os efeitos econômicos da pendemia —há o risco de o país sofrer um colapso financeiro de difícil reversão. Seu ministro da Economia, Paulo Guedes, demorou para entender o significado e o tamanho do problema.

 

Liderança
O governador João Doria também criticou a postura de Bolsonaro, que reclamou governadores por adotarem medidas drásticas (mas necessárias), como o fechamento de shoppings. “Estamos fazendo o que ele não faz: liderar”.

 

Os bolsonaristas que aplaudem
Os fieis apoiadores de Bolsonaro tentaram reagir, mas o “contra-panelaço” convocado pelo próprio Bolsonaro foi infinitamente menor. 

A cada dia que passa, fica mais claro o isolamento de Bolsonaro, que consegue agradar apenas quem o apoia cegamente — é a turma que bate palmas para louco dançar.

 

Os exames do Jair
Apesar de 23 pessoas da sua comitiva que viajou para os Estados Unidos terem sido contaminadas pelo Novo Coronavírus, Jair Bolsonaro assegurava não estar infectado. Dizia ter feito dois testes, ambos com resultados negativos. 

O jornal Folha de S. Paulo solicitou cópias dos resultados, mas Bolsonaro se recusou a divulgar. Limitou-se a enviar uma carta assinada por Marcelo Zeitone, assistente médico da Presidência da República, e Guilherme Wimmer, coordenador de saúde da Presidência da República, na qual dizem que os exames deram negativo.
No entanto, o general Rui Yutaka Matsuda, diretor do Hospital das Forças Armadas (onde os exames foram feitos), disse que mandou os resultados num envelope lacrado, diretamente para Bolsonaro. “É ele que abre”.

Na sexta-feira (20), Bolsonaro disse que “talvez tenha sido infectado” e poderá fazer novo exame. E completou: “Depois de uma facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”