O primeiro turno das eleições municipais acontece em 4 de outubro, a propaganda oficial no dia 16 de agosto, mas a campanha eleitoral começa, de fato, após o Carnaval. O cientista político Fernando Chagas explica que as movimentações do políticos vão se intensificar agora, com a definição dos candidatos. Nesta entrevista, ele avalia as mudanças na eleição deste ano e as variaveis que estão em jogo.
Jornal da Orla – Quando efetivamente começa a campanha municipal?
Fernando Chagas– Após o carnaval. Antes, tínhamos apenas trocas de ideias, sobre quem pode e quem não pode ser candidato. As articulações começam agora. Quem serão os candidatos será decidido em março, quando se encerra a janela de transferência dos candidatos. Em março se encerram as inscrições para os partidos.
Jornal da Orla – Qual é a importância dos candidatos a vereador na eleição para prefeito?
Chagas – Ter o maior número de candidatos a vereador na campanha para prefeito é fundamental para entrar em diversas comunidades, bairros e regiões. O candidato que tiver mais vereadores ao seu lado sai na frente, não quer dizer que vá ganhar a eleição, mas tem mais possibilidades.
Jornal da Orla – Em relação à eleição de vereadores temos uma novidade este ano, que é a ausência de coligações. O que isso muda no processo eleitoral?
Chagas – Muda tudo, é uma nova eleição. A coligação facilitava compor uma chapa maior e ter candidatos competitivos numa mesma chapa de diversos partidos. Este ano será a chapa pura. É muito difícil ter candidatos competitivos num só partido.
Jornal da Orla – Isso significa mais partidos representados na Câmara?
Chagas – Exatamente. No passado, o partido que não conseguisse quociente eleitoral não tinha condição de fazer uma cadeira na Câmara. Com uma resolução agora do Tribunal Superior Eleitoral, o partido que não atingir o quociente eleitoral pode participar da segunda fase de definição de eleitos. No passado, esses partidos não participavam da sobra. Vou dar um exemplo: se na eleição passada tivesse essa regra, três partidos que não elegeram representantes teriam cadeiras na Câmara. Nós vamos ter um maior número de partidos na Câmara e isso é importante para a democracia.
Jornal da Orla – Qual é o papel do prefeito, governador e também do presidente na eleição?
Chagas – Na eleição municipal a participação do prefeito Paulo Alexandre será fundamental. Eu acredito que na época da eleição ele terá um índice de aprovação de 70%. Um prefeito nesta situação tem condições de eleger o seu candidato. Já a influência do governador João Doria será mínima. Embora seja importante o governador indicar quem ele está apoiando, não é decisivo. E o Jair Bolsonaro sequer tem partido hoje, acredito que por isso ele não irá entrar na eleição municipal até para não ver a sua avaliação comprometida. Ele pode participar da eleição de um ou outro município, mas não de forma decisiva, mas não em Santos. Aqui, quem irá decidir é o candidato do prefeito com outro candidato competitivo que irá aparecer.
Jornal da Orla – Quais são os principais temas que serão debatidos nesta campanha eleitoral municipal?
Chagas – Primeiro: gestão! Hoje o eleitor quer uma boa administração. O outro é mobilidade urbana. Terceiro: segurança pública, que eu chamo de segurança urbana, embora não seja uma questão de competência do município e sim do Estado. O santista vai exigir soluções ou pelo menos a participação da Prefeitura neste tema.