Cada vez mais confinadas em ambientes fechados, as crianças sofrem as consequências da falta da exposição ao sol e do excesso de uso de tablets e smartphones. Segundo o médico Gustavo Grottone, doutor em oftalmologia pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), nunca houve tantos casos de crianças míopes na história da humanidade quanto hoje em dia: "Aproximadamente uma em cada cinco crianças de países desenvolvidos não asiáticos tem miopia. A prevalência é o dobro do que na década de 60. Já em países asiáticos, como a Coréia do Sul, o problema é maior ainda. Cerca de 96,5% da população masculina acima de 19 anos de idade é míope".
De acordo com o especialista, o problema é mais comum entre crianças de 6 e 13 anos de idade. No entanto, o histórico familiar também é bastante importante neste contexto. "A chance de uma criança ser míope até os 13 anos triplica em filhos cujo um dos pais tem o problema".
Gustavo Grottone alerta para as chances desse panorama mudar. "Com atenção adequada, a situação pode ser revertida. Estudos mostram que a exposição solar por pelo menos uma hora por dia ajuda a diminuir os riscos do desenvolvimento da miopia". Limitar as atividades em tablets e smartphones, especialmente em crianças abaixo de 6 anos, e espaçar até os 13 anos é fundamental para que o olho não se alongue com o tempo e torne-se míope.
O assunto é tão sério que o Conselho Federal de Medicina liberou o uso de colírios específicos para conter o desenvolvimento da miopia como maneira de controlar o aparecimento ou, pelo menos, diminuir o ritmo de crescimento do problema.
Entretanto, este tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, antes dos 13 anos de idade. "É importante que os pais tentem ao máximo desviar um pouco a atenção e o fascínio que os eletrônicos propiciam nos pequenos".