Quanto tempo você aguenta sem dar uma espiada nas mídias sociais? A vontade de compartilhar fotos, notícias ou mesmo um textão de protesto pode surgir a qualquer momento, além da constante curiosidade em saber o que está se passando na vida dos amigos virtuais. Até aí, tudo bem! Redes sociais foram criadas para ver e ser visto mesmo. O problema é quando se tornam algo viciante e acabam comprometendo a vida no mundo real pelo excesso.
A chamada nomofobia (abreviatura de no mobile, sem celular em inglês), embora seja comportamental, é uma condição que, para algumas pessoas, causa a mesma sensação de necessidade, fissura e abstinência que a dependência química.
O psicólogo e empreendedor Teuler Reis acredita que é preciso estabelecer limites: “Não tem como ficar imune ao encantamento provocado pelas mídias sociais. A transformação dos meios de comunicação é, sem dúvida, uma das maiores conquistas da humanidade. Porém, a linha que divide o saudável e o doentio ficou tênue quando o assunto é o uso indiscriminado da internet. Até mesmo para os especialistas fica difícil estabelecer o que é saudável”.
Teuler aponta sinais no cotidiano que mostram claramente a que ponto muitos chegaram nesta dependência: “É comum ver pessoas almoçando, caminhando pelas ruas e conectadas até mesmo em reuniões com amigos. Ficam on-line 24 horas por dia. Para alguns, a simples ideia de ficar desconectado já é motivo de pânico”.
O psicólogo acredita que para minimizar a dependência das redes sociais é preciso se conectar mais com a natureza e menos com a internet. Há alguns anos, Teuler deixou Belo Horizonte para viver na Lapinha da Serra, no interior de Minas Gerais, e abriu uma pousada no meio da natureza. “Lá não tem nenhum sinal de operadora de telefonia. O que existe é apenas uma internet via rádio. Logo, as pessoas são quase obrigadas a desconectar, ainda que isso cause em um primeiro momento um certo desespero. Mas, essa ‘imposição’ é uma possibilidade de se conectar com a natureza, consigo mesmo e com o outro”.
Teuler acredita que devemos priorizar a conexão com a vida fora da internet para encontrar um equilíbrio e uma solução para o vício no celular: “Hoje acredito que que a pessoa conectada deve, na verdade, conseguir se desligar por alguns períodos de todas as redes sociais. É o momento em que nos permitimos uma interação silenciosa com nosso interior e a natureza. O mergulho no mundo virtual, ao meu ver, tem como pano de fundo a solidão”.
Foto: Casa do Teuler/Reprodução