Uma viagem inesquecível e repleta de emoções. É certo que os que desejam conhecer um mundo diferente, exótico, não vão se arrepender de visitar essa região que fica no norte do Chile e que tem um clima completamente maluco, com extremos – as temperaturas vão de menos zero grau à noite a mais de 35 graus durante o dia.
O povo é bastante acolhedor e isso inclui os cachorros – sim, eles estão em todas as partes e são bastante dóceis com os visitantes. Talvez sofram de carência canina, ou algo do gênero, o que fazem deles pets especiais.
O índice de chuvas no Atacama é baixíssimo. O deserto mais alto e árido do mundo recebe cerca de 20ml/ano de águas pluviais vindas, principalmente, de uma tempestade formada na floresta Amazônica (de nada, Chile), entre os meses de dezembro e março. E estima-se que tenha ficado 400 anos sem receber uma única gota de água, segundo se diz na região.
Vulcões
Por onde se ande é possível avistar a Cordilheira dos Andes – e que bela imagem, absolutamente inacreditável de tanta beleza. Cercada de vulcões, que são outro grande fator de atrativo turístico.
A forma mais fácil de se chegar é indo de avião até Santiago. De lá, a melhor opção é pegar um outro vôo – de aproximadamente duas horas – com destino a Calama e, então, cerca de mais uma hora de transporte terrestre (na saída do aeroporto existem diversas empresas oferecendo o serviço) até São Pedro de Atacama.
No coração do paraíso
A cidade de São Pedro de Atacama é o verdadeiro coração de todo esse paraíso. De forma rústica e charmosa recebe muito bem os mais de 300 mil turistas/ano, dos quais, muitos moradores da Baixada Santista. O que dá uma turbinada nas ruas, acostumadas aos poucos mais de 11 mil moradores (uma Vila Belmiro em dia de clássico). A cidade conta com uma rua principal, a Caracoles, e algumas poucas transversais a ela, onde se concentra todo o centro econômico e comercial, como lojas de suvenir, restaurantes e, principalmente, agências de turismo.
Entre ofertas por passeios e mistura de sotaque – o português é bastante presente, em razão do grande número de brasileiros -, o visitante vai se deparar com inúmeros cachorros , que passeiam pelas ruas e jamais rejeitam carinho ou um pedaço da deliciosa empanada local. Sim, eles também são espertos e sabem comer bem.
Passeio por dunas e rochas
Passear pelo Valle de La Luna é roteiro obrigatório para quem quer conhecer de perto dunas e rochas de formação vulcânica. Do alto da duna Mayor é possível ter uma das vistas mais incríveis dos vulcões e da Cordilheira dos Andes. O passeio termina no mirante – ou mirador, para quem pretende ir treinando o portunhol – da Pedra do Coyote, onde o pôr do sol causa um efeito belíssimo, impossível de descrever.
Passeios pelo local e também ao Valle del Arco-íris vão dar a impressão ao visitante de estar no filme “Perdido em Marte”. Mas calma aí, dublê de Matt Damon. Você não vai precisar roupa espacial e nem capacete.
A verdade é que os cientistas usam o deserto do Atacama como uma forma de testar robôs que serão enviados à Marte a fim de encontrar sinais de microrganismos. Por ser extremamente seco, e ficar décadas sem chuvas, exposto à alta radiação de UV e ser um ambiente demasiadamente salgado, o local é a combinação mais próxima que temos do planeta vermelho na Terra.
Lagoas perdidas
Água no deserto. Pois é, neste ambiente exótico existem algumas lagoas (lagunas, olha o portunhol. Lagunas), formadas no meio deste cenário árido. O tour das Lagunas Escondidas leva os turistas a sete lagoas completamente perdidas no meio do deserto. A concentração de sal nas águas é tão alta que o visitante consegue flutuar sem esforço. Esqueça aqueles macarrões de isopor ou colchões infláveis. Abra os braços, relaxe a aproveite a sensação de flutuar no meio do deserto.
Considere agora chegar a cerca de 4.200 metros de altitude e visitar a paisagem paradisíaca, que se confunde com um enorme quadro ao ar livre, das Lagunas Altiplânicas. Regiões entre montanhas e vulcões, onde a água cristalina causa a sensação de se estar olhando para um enorme espelho. Narciso, da mitologia grega, ficaria louco. Nós também ficamos.
É possível subir mais. O Gêiser del Tatio está a quase 5.000 metros de altitude e as temperaturas ficam abaixo de zero. Isso na superfície, porque um pouco abaixo o magma dos vulcões aquece as águas subterrâneas e a temperatura pode chegar a 110 graus. É como estar andando sobre uma imensa panela de pressão.
Depois de um tempo, a superfície terrestre não resiste, se rompe e joga no ar esta água e, principalmente, uma fumaça branca densa, formando uma das vistas mais lindas ao se contrastar com a luz do sol ao fundo.
O frio congelante pode ser combatido com um delicioso mergulho em uma piscina termal, ali mesmo, no meio dos gêiseres.
O céu é o limite
Equipado com telescópios potentes, instalados no local, o turista terá a oportunidade de ver o universo em sua plenitude. Estrelas, planetas, galáxias, lua, vistos de uma forma incrivelmente bela. A sensação é de que é possível encostar a mão e até mesmo puxar uma dessas estrelas para guardar no bolso. Não dá, mas dá para guardar para sempre na memória.
Uma dica importante: embora a lua cheia fique linda, a sua luminosidade diminui muito a visualização das estrelas e galáxias (a “lua me traiu”, já dizia a banda Calypso). Portanto, evite programa a viagem em dias de lua cheia.
Seja olhando para o interior da Terra ou admirando o espaço, tudo que existe no Atacama merece ser contemplado. Paisagens e cultura tão surreais que só poderiam ser de outro mundo. O nosso.
Foto: Arquivo Pessoal