Com a expectativa de vida cada vez maior, aumentam as chances do desenvolvimento de doenças degenerativas nos olhos. Segundo o médico Eduardo Paulino, a oftalmologia geriátrica vai além de prescrever uma receita de óculos, mas é baseada em atitudes preventivas e tratamentos que vão garantir qualidade de vida, mantendo a visão. A seguir, o especialista fala sobre os principais problemas que os pacientes podem apresentar com o passar do tempo:
Catarata
Sem dúvida é a doença mais comum na terceira idade. Ela se desenvolve naturalmente nos olhos e se caracteriza pela opacificação progressiva das lentes que ficam no interior dos olhos. “Elas vão se tornando mais densas e provocando mudanças importantes na visão, entre elas a miopia progressiva”, explica Eduardo Paulino. A catarata gera uma falsa miopia e acaba fazendo com que o paciente volte a ter visão de perto, mas acaba perdendo a de longe e pode chegar a um nível tão intenso que a pessoa acab a se privando totalmente da visão. Porém, ressalta o oftalmologista, apesar de ser a maior causa de cegueira mundial, o problema é reversível por meio da cirurgia. “O ideal é restaurar a visão a partir do momento em que ela começa a cair pela opacificação do cristalino. Na cirurgia, a lente natural dos olhos é retirada e substituída por um cristalino novo, ou seja, uma lente intraocular, que hoje pode, inclusive, corrigir todos os tipos de graus e deixar o paciente livre de óculos”. Atualmente, o procedimento é avançado e se faz com colírios anestésicos e sedação. Mas trata-se de uma cirurgia de precisão, que deve ser feita por médicos capacitados e com aparelhagem de última geração.
Glaucoma
Doença silenciosa, que afeta cerca de 4% da população a partir dos 40 anos, o glaucoma é caracterizado principalmente pelo aumento da pressão dentro dos olhos e provoca um sofrimento progressivo do nervo, podendo chegar à perda irreversível da visão. Para se prevenir, é importante que as pessoas avaliem rotineiramente se têm tendência ao aumento da pressão dos olhos. O exame específico é geralmente feito em consulta de rotina com o oftalmologista. Se houver suspeita de glaucoma, v&aa cute;rios exames serão solicitados que irão avaliar o campo visual, espessura da córnea, fundo de olho, medidas por tomografia, entre outros. O tratamento é feito com uma grande gama de colírios na tentativa de manter a visão estável. Em alguns casos, é necessário a aplicação de laser específico para diminuir a pressão intraocular e até mesmo cirurgia. “O que infelizmente ainda ocorre é a não conscientização dos pacientes em procurar o médico para fazer a avaliação preventiva e o tratamento precoce, evitando a morte do nervo e a consequente cegueira”, alerta Eduardo Paulino.
Degeneração macular
O problema, que normalmente é genético, aparece com a longevidade. O ser humano possui dois tipos de visão: a periférica, que nos coloca dentro do espaço que nos cerca, e a visão central, que é a de detalhes e nos permite ler, reconhecer o rosto das outras pessoas e assistir televisão, por exemplo. A mácula é um ponto bem pequeno que fica no fundo do olho, mais precisamente no centro da retina. Com o tempo, ela sofre vários tipos de alterações e degeneraç&o tilde;es e pode passar a ter depósito de substâncias anormais sobre ela por problemas do metabolismo do envelhecimento. Também podem ocorrer sangramentos, crescimento de vasos anormais, formação de cicatrizes e até morte de algumas células. Quem desenvolve degeneração macular relacionada à idade, vai tendo uma perda progressiva da visão central. Nunca terá perda total, porque a visão periférica, nesse caso, é sempre preservada. Mas acaba ficando com dificuldade de ver detalhes e também de ler. Hoje o diagnóstico desse problema é feito precocemente por meio do exame de fundo de olho e de testes com aparelhos especiais, como a tomografia de coerência óptica. O tratamento é feito com laser e injeções intraoculares, uma novidade de aplicação totalmente indolor e rápida. As aplicações s&at ilde;o feitas com substâncias específicas, que evitam o crescimento de vasos anormais na área da mácula, evitando a piora progressiva do quadro.
Doenças sistêmicas
Modernos estudos estão direcionando o diagnóstico precoce do Alzheimer por meio do exame de fundo de olho. O nervo óptico, por exemplo, é o único que caracteriza-se como um prolongamento do cérebro visível ao médico. “Então, por intermédio de modernas tecnologias, vamos poder ter noções do estado geral do paciente”, diz Paulino. O oftalmologista ainda cita doenças comuns na terceira idade, que podem comprometer o desempenho da visão. Entre elas, o diabe tes. “É importante que todo paciente diagnosticado com essa doença seja encaminhado para o oftalmologista para fazer o exame de fundo de olho. O diabetes ataca de forma agressiva os olhos, provocando microdilatações dos vasos, pequenas hemorragias, depósitos de substância anormais, inchaços em áreas nobres e até descolamento da retina, podendo levar à perda da visão”. Pessoas com diabetes, principalmente da terceira idade, devem fazer acompanhamento de rotina para prevenir e tratar com uso do laser, que vai cauterizar as áreas afetadas, e até mesmo com injeções intraoculares e cirurgias. A hipertensão arterial também leva à alterações importantes no fundo dos olhos, podendo causar hemorragias, inchaço do nervo da visão e obstruções vasculares. O médico ainda ressalta os quadros de olhos secos e, por outro lado, de lacrimejamento excessivo, e além das famosas alterações externas, que podem se caracterizar pelo crescimento das pálpebras, que vão cobrir a visão, e o diagnóstico de tumores primários e secundários da retina.