Engana-se quem pensa que é uma tragédia completa o governo Bolsonaro (PSL), capaz de desanimar os mais entusiastas de seus eleitores. Além de ministros sobre influência do filósofo Olavo de Carvalho e suas maluquices, dos filhos destrambelhados e do comportamento intempestivo do próprio Jair, há também gente boa, como o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas. Ele é responsável por uma área fundamental para o país, de modo geral, e especialmente para Santos e região: logística, que inclui o Porto de Santos.
Engenheiro civil formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Freitas é capitão do Exército mas é auditor concursado da Controladoria-Geral da União (CGU). Atuou nas forças de paz do Brasil no Haiti, foi diretor executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) na gestão de Dilma Rousseff e responsável pelo programa de privatizações e concessões do governo Temer.
O horizonte do Porto
Tarcísio Freitas vem impressionando os especialistas do setor de infraestrutura pela capacidade de fazer diagnósticos e propor soluções. Em relação ao Porto de Santos, o ministro já foi enfático ao descartar sua privatização ou estadualização. “O porto é nosso”, disse, em resposta a um pedido do governador João Doria.
O ministro indica para o fim da ingerência política dentro da Codesp (característica presente na estatal desde sempre), o repasse de serviços como a gestão da dragagem para a iniciativa privada e a negociação de ações na Bolsa de Valores.
“Montamos um time técnico, a primeira vez em muitos anos, pessoas do ramo. Estamos com ideias de transferência de serviços para a iniciativa privada, a concessão do acesso portuário, da manutenção do canal, para dar tranquilidade aos operadores portuários. Num passo seguinte, abrir o capital da Codesp, porque com isso trazemos governança para dentro da empresa, profissionaliza a gestão. Vou ter investidor que vai olhar o porto de uma maneira diferente”, disse, em entrevista no programa Canal Livre, domingo passado (21).
Queda no movimento
A movimentação de cargas pelo Porto de Santos caiu 1,5% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2018. A queda foi ocasionada pela redução de 7,2% no movimento de março. E o que pesou mais foram as retrações nos embarques de soja e açúcar e desembarques de adubo. Somente essas três cargas representaram uma perda de quase 650 mil toneladas.
A carga conteinerizada também registrou queda: em março, redução de 11,6% no total de TEUs. O fluxo de navios também caiu: 4,1%. Se forem tirados da conta as embarcações de passageiros, a queda foi maior (4,7%).
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil