Um estrangeiro razoavelmente bem informado que venha ao Brasil terá imensas dificuldades para entender um país cada vez mais esquizofrênico, surreal. Nem mesmo um filme de ficção científica poderia traduzir o que se passa por aqui. Dois ex-presidentes presos por corrupção, pelo menos outros dois (Collor e Dilma) correndo o mesmo risco – o terceiro, Sarney, escapou da cana por idade avançada – e o atual achando que pode governar pelo twitter.
Se por acaso o estrangeiro parar no Rio de Janeiro, destino predileto de turistas desavisados, a tragédia ainda é maior: todos os ex-governadores vivos do Estado (5) ou estão presos ou já foram presos. Não bastasse, cinco deputados estaduais, presos também por corrupção, tomaram posse na Assembleia Legislativa, embora não possam exercer o mandato.
Mas no país em que a filha manda matar os pais e tem o benefício de sair da cadeia no…”Dia das Mães” tudo é possível. “O Brasil não é um país sério”, frase atribuída ao general Charles de Gaulle, estadista francês, nunca foi dita por ele, mas ela expressa hoje o sentimento de muitos cidadãos de bem.
O presidente da câmara dos Deputados, um gordinho com jeito sinistro, cheio de tiques, chamado de Botafogo por delatores, briga e passa um sabão público no ex-todo poderoso ministro da Justiça, Sérgio Moro, que devolve a bola quadrada, mas já percebeu que entrou numa fria ao aceitar o cargo.
O presidente atual, que foi eleito para acabar com a velha política, vê sua popularidade despencar, mas ainda não se deu conta que é preciso controlar seus rebentos e que o Palácio do Planalto não é quartel e que, tampouco, os políticos são monges franciscanos. Definitivamente a vida de Jair Bolsonaro não será fácil e nem ele continuará podendo governar pelo twitter.
Para completar a desgraça, O STF, nossa suprema corte, se desmoraliza a cada dia e agora resolveu comprar uma briga feia com o Ministério Público, cujos integrantes, por sua vez, adoram um holofote.
O Brasil virou um cabaré de quinta categoria. Uma confusão dos diabos e quem paga a conta, como sempre, é o contribuinte, cada vez mais assustado com tantos problemas, com o desemprego, com a maldita crise que não tem fim, e com a desesperança que vai tomando conta do país.
A questão é: até quando?
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