Enoleitores,
Carcavelos, a menor região vinícola do país, responsável pela tradição de um dos vinhos mais raros e antigos de Portugal!
Em setembro de 2017, passeando por Portugal, meu marido lembrou de uma pessoa que lhe havia contado e servido este vinho aqui no Brasil e ficou curioso sobre essa antiga DOC de vinhos do tipo Porto, o que nos motivou a ir conhecer a localidade.
Colocamos no GPS: Carcavelos, localiza-se próximo a Cascais logo, conseguimos chegar a um lugar minúsculo, e procurando, avistamos um portão de ferro e um muro alto branco como o nome Quinta do Barão. Paramos, fomos olhar, e não vimos ninguém. Tudo fechado, decepção… porém, havia uma praça aonde decidimos estacionar e a pé saímos a procura de uma loja de vinhos. Mas ninguém sabia falar sobre o vinho, alguns nem conheciam, até que caminhando avistamos um café e para nossa surpresa havia algumas garrafas do vinho na vitrina. Não havia para provar em doses, mas compramos duas garrafas dos que encontramos e recebemos algum material no qual me baseio para contar a vocês, pois nem em livros de vinho que consultei, consegui encontrar mais detalhes.
O primeiro documento conhecido sobre a vinha e Carcavelos data de 1370, mas foi pelo Marquês de Pombal, no século XVIII , que este vinho conheceu o seu apogeu .
A pequena região vinícola o produz na denominação Carcavelos DOC, criada em 1908, situada em torno da freguesia de Carcavelos, nos conselhos de Cascais e Oeiras.
Em 1963, Manoel Bullosa, um empresário da área de petróleo adquiriu uma quinta de 25 hectares, a Quinta dos Pesos, em Caparide, dentro da DOC.
Por sua paixão pelo vinho, este homem não exitou em investir plantando em sua vinha castas tradicionais da região e vinificando em sua própria adega. A Quinta dos Pesos é produtor e engarrafador do Carcavelos, este vinho é elaborado do corte das castas de 4 ou 5 variedades de uvas brancas ou tintas, dentre elas ,galego dourado, arinto, boal (ou João de Santarém ) e trincadeira.
O vinho é envelhecido em barricas de Carvalho francês, e produzido no tipo meio seco, classificado como um vinho generoso, já que recebe aguardente vínico em sua composição.
Descobrimos e adquirimos também um outro produzido na região de Oeiras, o Villa Oeiras, que só voltou a ser produzido por meio de um Protocolo de Cooperação, celebrado em 1997, entre a Câmara Municipal de Oeiras e Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária. Neste documento defendem a preservação e a recuperação deste vinho generoso, tão raro e tão prestigiado. Enquanto a memória persiste e as tecnologias avançam, o vinho de Carcavelos resiste, impõe-se e ganha estatura no patrimônio cultural dos municípios de Cascais e Oeiras.
Para finalizar vou compartilhar com vocês o estilo do vinho que já degustei e aprovei, é o Dos Pesos Carcavelos 1991 – Manoel Bullosa, ele foi servido como de sobremesa para harmonizar a ovos nevados, um doce portugues a base de claras em neve e creme de ovos, e combinou muito bem. O vinho apresentava- se na coloração amarelo âmbar; no olfativo exalava frutas secas, damasco, mel; no paladar licoroso, suculento, levemente adocicado, fresco, equilibrado, estruturado, persistente deixando o sabor de nozes no final de boca.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!
