Simplesmente Vinho

O refrescante vinho rosé

20/01/2018
O refrescante vinho rosé | Jornal da Orla

Enoleitores,
No mês de dezembro escrevendo sobre dicas de harmonização para as festas, me referi ao vinho rosé como sendo um curinga para muitas harmonizações. É isso mesmo: o vinho rosé é versátil e, principalmente, refrescante, para ser tomado no verão. Ele pode harmonizar desde as entradas até certas carnes vermelhas. 

Quando fiz o curso profissionalizante de sommelier e mesmo no Master of Wine-Provence, lembro sempre das dicas do professor Arthur Azevedo: “Na dúvida, pense no rosé!”

Não é tão simples assim, mas também não é complicado em demasia. É só beber, prestando atenção, e ir conhecendo.

Os mais conceituados são os da região da Provence (França), região onde os vinhos costumam ser vinificados pelo processo chamado “prensa”, que significa que as uvas regionais tintas (principalmente as das castas francesas mouvedre , cinsault, syrah e grenache) são as mais utilizadas, nos diferentes cortes regionais . 

Ao chegarem na vinícola, os cachos vão para a máquina desengassadora e os bagos melhores são os que irão para o tanque de maceração com as próprias cascas, por um período curto de tempo. Em seguida,  são levemente prensados para dar a coloração rosada ao vinho. Depois retira-se as cascas do mosto e a vinificação segue, geralmente em tanques de inox.

Há também uma outra forma de vinificar, que se chama- se sangria, na qual as cascas ficam por mais tempo em contato com o mosto na maceração , resultando num vinho rosado mais forte e mais encorpado na boca. Por isso, é importante saber a diferença, para poder harmonizar adequadamente. Vou descrever os dois tipos e dar algumas dicas, numa próxima vez falo sobre harmonizações.

Os vinhos da Provence, para serem refrescantes devem ser servidos a temperatura em torno de 10oC. Costumam apresentar uma coloração rosa salmão ou casca de cebola, brilhante e transparente. No nariz, aromas de frutas brancas (como pêssegos) e vermelhas frescas (morango, tutti frutti), toque de ervas, leve floral. Na boca seco, fresco, elegante e persistência boa.

Dentre os da Provence vale citar Château de Pibarnon, Château de L'Escarelle e Château de Pourcieux, entre tantos que encontramos no Brasil.

Os rosés de sangria costumam ser do restante da Europa, inclusive de outras regiões da França, e do Novo Mundo. Podem ser servidos por volta dos 12oC. Geralmente apresentam uma coloração rosada mais forte, brilhante, média transparência. No olfativo sente-se frutas vermelhas maduras ou compota, ervas, até leve floral. No gustativo, seco, fresco, elegante, algumas vezes alguma untuosidade. Levemente encorpados, costumam ser longos .

Entre os de sangria, gosto muito do português Principal Rosé Téte de Cúvee, um rosado de pinot noir; o argentino Obra Prima, um rosé de malbec da família Cassone; e o uruguaio Puerto Carmelo, rosé de tannat.
Não podemos esquecer dos espumantes rosés, mas falo destes numa outra vez…

Fica a dica : aproveitem este calor para se refrescar com um bom vinho rosado bem gelado.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!