Enoleitores,
Esta semana, mais precisamente no dia 11, aconteceu em São Paulo, o lançamento do “Guia Descorchados 2017”, em evento organizado pela revista Adega, uma grande degustação contando com cerca de 90 produtores de vinhos, apresentando aqueles que constam no guia.
“Descorchados” é o mais respeitado guia de vinhos da América do Sul, organizado e elaborado pelo crítico Patricio Tapias, um grande conhecedor, propiciando que se consolidasse como referência no mundo dos vinhos. Este chegou ao mercado brasileiro apresentando produtos da Argentina, Chile, Uruguai e Brasil.
Para esta publicação foram avaliados cerca de 2500 rótulos e com isso pudemos conhecer e degustar excelentes vinhos, inclusive havia os considerados ícones da América do Sul, como Alma Viva (Chile), Gran Corte Flecha de los Andes (Argentina), Cabo de Hornos (Chile) e Renascer (Chile) entre tantos outros.
Como é difícil escolher entre as várias boas surpresas encontradas, escolhi um espumante, um Branco e um tinto para falar nesta coluna.
Aproveitando para valorizar um produto nosso, elegi o espumante Almejo Brut, da família Bebber, de Flores da Cunha (Rio Grande do Sul) – uma boa surpresa! Recebeu 90 pontos neste guia. Foi elaborado pelo método clássico (champenoise), das uvas Chardonnay (50%), trebbiano (40%) e pinot noir (10%), colhidas nas Serras Gaúchas, numa altitude de 750 metros. Apresentava uma cor amarelo palha, reflexos verdeais, perlage fina e contínua, boa cremosidade; nariz de frutas brancas e cítricas; na boca seco, fresco, macio e estruturado. Apresenta também um bom custo.
O Branco que me impressionou foi o da Abodegas Rural – leia-se Rutini, da Argentina, o Antología XLV, colhido em abril de 2015, esta é uma única partida, a garrafa de número 0002, dentre 5040 numeradas. Elaborado pelo enólogo Mariano di Paola, este vinho descansou 12 meses em barricas novas francesas. Foi elaborado com 80% da uva Chardonnay, vinda dos vinhedos de Altamira e Gualtalari, 10% de gerwrüztraminer e 10% de semillón – esta proporção do corte altera-se a cada safra.
Apresentava coloração amarelo palha com reflexos dourados; aromas de frutas cítricas e tropicais (sobressaindo abacaxi), leve floral, toque mineral; no palato, fresco, elegante, leve adstringência, untuoso e persistente, deixando no final de boca um amanteigado. Uma pena que não será comercializado no Brasil!
Entre tantos tintos ótimos, me chamou a atenção a presença de muitos das castas carignan e garnacha no solo chileno: podem se preparar para conhecer bons vinhos desta casta.
Escolhi um argentino para representar este grupo, o Gran Corte 2011 do Flecha de los Andes, uma empresa do grupo Baron Edmond de Rothschild em parceria com Laurent Dassault. É produzido num terroir único, ao pé da Cordilheira dos Andes, ao sul de Mendoza. Este vinho é um corte das uvas malbec (54%), Sirah e cabernet franc, estagiando 100% em barricas novas francesas. Apresentava coloração vermelho púrpura, daquelas que tinge a taça; exalava aromas de frutas vermelhas, especiarias, baunilha, toque defumado; no gustativo, seco, acidez correta, taninos finos (embora ainda jovens), equilibrado e persistente, deixando um sabor frutado no final de boca.
Para os apaixonados por vinhos, vale adquirir este guia pois, além de apresentar as vinícolas das diferentes regiões produtoras, também encontram-se as notas de degustação e harmonizações.
Enoabraços é uma ótima Páscoa a todos!