Enoleitores,
Em setembro passado estive no Dão, em Portugal, durante as vindimas (época da colheita das uvas) e fomos passear pelo seu interior. Quero detalhar alguns vinhos desta localidade, mais precisamente da região de Santar, que produz bons, elegantes e atualizados, sendo considerada a Saint Emillion de Portugal -uma comparação à comuna localizada em Bordeaux (França) e reconhecida pelos vinhos de excelente qualidade.
Nosso amigo, o respeitado enólogo Carlos Lucas, e o empresário português do ramo de mobiliário Luis Abrantes decidiram se unir, criando condições para o renascimento dos vinhos da conhecida propriedade Quinta da Alameda, implantada na vila histórica de Santar, do patrimônio vitivinícola do Dão desde os anos 50, apresentando 15 hectares de vinhas. Na propriedade remodelada, as vinhas velhas foram respeitosamente preservadas para, junto às novas plantadas, poderem projetar a antiga história ao futuro desta Quinta.
Neste novo projeto, iniciado em 2012, fizeram uma grande reestruturação nas formas de condução dos vinhedos e no processo de elaboração dos vinhos, criando condições para produzir tintos com a qualidade almejada, que estão se tornando referência daquela região.
Como a Quinta ainda está se estruturando, pudemos conhecer os vinhedos, as oliveiras e a antiga torre. E fomos apresentados aos vinhos em outras ocasiões .
Quero apresentar o Quinta da Alameda Jaen 2013, uva que tem se adaptado bem no Dão, a mesma uva tinta de Bierzo, na Espanha, lá conhecida como mencia. Lucas nunca foi fã desta casta, mas a encontrou plantada na nova propriedade e resolveu mantê-la, até mesmo por curiosidade, já que foi plantada em 2007 com clones, e recomendada pelo Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão.
Ao produzir as primeiras unidades e prová-las, foi um caso de amor à primeira vista, elegendo esta casta para ser a primeiro da série de monovarietais que serão lançados. Foram produzidas apenas 3000 garrafas, que estagiaram nove meses em barricas usadas de carvalho francês. O que provei apresentava cor rubi, certa transparência; leve corpo, bastante aromático, frutas vermelhas maduras, leve herbáceo, terra molhada, toque defumado; na boca, seco, acidez correta, taninos elegantes, longo, deixando um sabor frutado no final. Combinou muito bem com um leitãozinho assado.
Degustamos também, num jantar oferecido pelo Lucas, o Quinta da Alameda reserva especial 2012. Um excelente vinho, produzido a partir das vinhas velhas, num corte das castas touriga nacional, tinta roriz, tinto cão e baga. Estagiou 12 meses em barricas novas francesas e outros 12 em garrafas. Apresentava uma coloração vermelho rubi, brilhante; exalava aromas de frutas negras, especiarias, toque floral, chocolate, couro; no paladar, seco, acidez equilibrada, taninos finos e elegantes, persistente, deixando na boca uma compota de fruta.
Estes vinhos, com certeza, mostraram a que vieram e espero que logo possamos desfrutá-los aqui no Brasil.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!!!