Enoleitores,
Vamos falar um pouquinho sobre os vinhos para as festas de final de ano. Para quem ainda for comprar e também para quem precisa decidir na sua adega sobre quais vinhos servir, a isso chamamos de Enogastronomia, ou seja, a arte de combinar vinho e comida, com o intuito de incrementar ainda mais o prazer de uma boa refeição.
Para receber seus convidados, seria bacana iniciar por um espumante. Pode ser um bom brasileiro, pois os produtos nacionais melhoram de qualidade a cada ano. Se preferir um mais leve e frutado, escolha os elaborados pelo método charmat, em tanques de aço. Se quiser algo com mais estrutura, cai bem um elaborado pelo método tradicional, semelhante ao champanhe. Dependendo de quanto quer investir, pode servir um bom espumante francês produzido na região de Champagne.
Os espumantes de método charmat casam com entradinhas leves e saladas; os pelo método tradicional vão bem com entradas mais fortes à base de queijos, frituras, frutos do mar e embutidos. Estes acompanham bem até os pratos (principalmente de peixes, aves e frutos do mar), já que equilibram bem molhos amanteigados. Se o seu espumante for demi-sec é preciso saber harmonizar: vai bem com queijos azuis, como roquefort e gorgonzola, foie grás ao molho de frutas vermelhas. As sobremesas ficam perfeitas com estes, principalmente se tiver um Asti italiano.
O vinho chardonnay é uma boa escolha, pois vai bem com peixes, camarão, frutos do mar e peru. Dá até para arriscar com um mignon ou lombo suíno. Se o vinho houver descansado em barricas de madeira, ele casa bem com molhos mais gordurosos, com bacalhau e até pernil ou tender.
Outro vinho bom para o bacalhau e a carne de porco é o branco da uva Encruzado do Dão. Já para o polvo, ou mesmo um lombo de bacalhau assado, cai muito bem um português Alvarinho, ou o espanhol Albarinho. Se o prato for um leitãozinho, a dica é um bom espumante rosé. Ótima pedida é o nacional Rio Sol rosé de Shiraz, ou, melhor ainda, um espumante da Bairrada da uva baga, equilibrando a boca da gordura do leitão.
Por falar em espumante rosé, o vinho seco rosé é um bom curinga nestes dias, já que é refrescante e combina com comidas mais fortes. Para estas, um rosé de sangria. Há ótimos espanhóis ou até mesmo os uruguaios de tannat. Se for para acompanhar pratos mais leves, a sugestão é a do rosé de prensa (a dica aqui são os da Provence, França).
Caso você não abra mão do seu tinto, é preciso combinar de acordo com o prato. Um pinot noir é uma boa, por ser elegante, sem muito corpo. Casa bem com carré de cordeiro, caças, algumas receitas de filé mingnon, risoto de cogumelos e vitela, entre tantos.
Sangiovese, Chianti , Brunello ou alguns super toscanos vão muito bem com carnes gordurosas grelhadas, carne de cordeiro assada, osso buco com polenta ou risoto e massas de molhos mais fortes. Porém, se o ponto alto da ceia for um bom pernil de cordeiro, a escolha certa é um bordeaux, pois combina perfeitamente bem.
Para a sobremesa, é de bom tom servirmos também um vinho combinando. Já citei os espumantes doces, mas pode-se optar por vinhos de sobremesa de colheita tardia. Há excelentes no mercado, desde o nacional da vinícola Aurora, passando por alguns chilenos, até os vinhos santos da Toscana, o sauternes de Bordeaux ou o Tokaji da Hungria – alguns destes últimos são inesquecíveis!
Vamos lembrar do velho e bom Porto, dentro de suas variedades (como o Tawny, o Vintage e o Ruby), também são uma ótima escolha. O Porto segura bem uma sobremesa de chocolate ou as portuguesas. Porém, tenha em mente a doçura do vinho, que precisa ser sempre igual ou maior que a da sobremesa.
Espero que possa ter contribuído para a sua escolha, para esta data ser lembrada com saudades da alegria deste encontro, tornando-se uma memória afetiva deliciosa!
Desejo um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo a todos os leitores e familiares!
Enoabraços!