Simplesmente Vinho

Vinhos marcantes na Quinta do Ribeiro Santo

12/11/2016
Enoleitores,
Foi em Carregal do Sal, exatamente na Quinta do Ribeiro Santo do enólogo Carlos Lucas, que vivemos uma dia inesquecível, para ser eternizado em nossas memórias…
 
A propriedade localiza-se numa montanha cercada de vinhedos; no alto, fica a casa da família, toda avarandada com vista para as videiras, já que a adega é mais afastada. 

Montamos a mesa para o almoço no gramado, bem abaixo de uma árvore frondosa. Um leitãozinho assado na lenha da videira com batatas ao murro, salada da horta e pão. Tudo isso harmonizado com ótimos vinhos da casa, aliados a uma degustação com o próprio produtor. Foi daqueles dias que não sentimos o tempo passar…

Iniciamos a refeição com um brinde do Ribeiro Santo Espumante Blanc de Noirs, das uvas touriga nacional e tinta pinheira. De coloração levemente salmonada, perlage fina e constante; aromas de frutas secas e toque mineral; no paladar, seco, uma boa acidez, estruturado, boa cremosidade e persistência. Casou muito bem com o presunto ibérico e o queijo da Serra da Estrela. 
 
Para o almoço, que harmonizou muito bem com o leitão, foi servido o Vinha da Neve – Ribeiro Santo 2014, um branco inesquecível! De coloração amarelo claro, reflexos verdeais, brilhante, transparente; exala mineralidade, acompanhada de frutas cítricas; na boca, seco, fresco, estruturado, elegante, untuoso e longo, deixando um sabor mineral. Para mim, foi uma ótima surpresa! É um belo vinho, originado num único vinhedo com cerca de 1 alqueire (cerca de 24 mil metros quadrados), plantado em terreno granítico pobre e rochoso, num sistema de produção integrado às questões ambientais. As uvas, manualmente colhidas, foram criteriosamente selecionadas e resfriadas antes do esmagamento, passando pela maceração a frio na prensa. A fermentação se iniciou em tanques de inox, depois foi finalizada em barricas novas de carvalho francês. O vinho descansou engarrafado, antes de ir ao mercado. 
 
Provamos um tinto que me despertou a curiosidade por ser da uva jaén, atualmente muito cultivada no Dão, pois eu nunca a havia experimentado. Conhecia a espanhola mencia, que, na realidade, é a mesma uva (comprovado através de testes de DNA). As diferenças são expressas na garrafas, pois originadas nos diferentes terroirs e têm estilos de vinificação distintos – este estagiou em carvalho francês durante nove meses. 
 
O Quinta da Alameda Jaen 2013 é um varietal  da casta, uma novidade de Lucas. Com apenas 3.000 garrafas, mostrou-se um vinho vermelho rubi, certa transparência; no nariz, sentiam-se frutas vermelhas maduras, leve vegetal, toque defumado; no palato, seco, com taninos finos, acidez correta e boa persistência, podendo-se sentir bem a fruta madura. É um vinho jovem e elegante, combinando bem com o almoço e o dia de sol ao campo…
 
Para finalizar a refeição, fomos surpreendidos por um Porto 1966 – Messias, um vinho de cor âmbar, mas ainda muito vivo de aromas, sentindo-se frutas secas, especiarias como cravo, toque de baunilha; na boca, elegante, fresco, untuoso, longo. O vinho ainda está no seu auge e foi harmonizado com um doce típico da região, feito para este dia, uma espécie do nosso pavê com bolachas tipo maria e chocolate com café. Ficou perfeito com o porto!
 
São esses momentos mágicos que eternizamos em nossa memória e celebramos, brindando à amizade e alegria do encontro, por alimentarem nossas almas e nossas mentes no retorno à nossa rotina…
 
Enoabraços e uma ótima semana a todos!