Enoleitores,
Pode haver algo mais prazeroso para os amantes do vinho do que poder passear pelos vinhedos de uma região acompanhados e guiados por um enólogo experiente, e profundo conhecedor dos terroirs do Dão, o nosso amigo Carlos Lucas?
Partimos da cidade de Viseu e adentramos ao campo, passando por diversas estradas, riachos, serras , aldeias pitorescas e algumas quintas, numa paisagem deslumbrante, emolduradapor um céu azul infinito, planícies e montanhas cultivadas e bem cuidadas, com plantações de videiras e oliveiras, coexistindo harmoniosamente.
Reformulado após os anos 80, a partir da reestruturação das vinhas e a modernização tecnológica dos processos de vinificação, o Dão passou a ser cuidado por profissionais bem formados, dinâmicos e empresários competentes, para ter condições de produzir excelentes vinhos, tendo como casta principal e nativa desta região a tinta touriga nacional – embora ofereça ainda outros elegantes varietais (única uva) e cortes, das uvas tinta roriz, alfrochoeiro preto (nativa), jaén e bastardo. Os tintos representam 80% da produção da localidade.
Já para o vinho branco, a casta encruzado, considerada uma das grandes uvas brancas nativas, é responsável por vinhos de uma acidez fantástica, aromas complexos e delicados, aliados ao bom potencial de guarda. Podem ser elaborados em varietal ou em corte, com as outras uvas locais, como a bical, cerceal branco, malvasia fina e até a maria gomes (conhecida também como fernão pires), originando vinhos elegantes, complexos e sedutores, e revelando uma personalidade única à qualidade da região.
Esta é uma localidade situada entre os rios Mondego, ao sul, e Douro, acima, cercada por montanhas que a abrigam do frio e da umidade do Atlântico, propiciando um clima Mediterrâneo e único, o que proporciona um bom amadurecimento da fruta.
Os vinhos do Dão são versáteis e acompanham muito bem a gastronomia, rica e de sabores intensos. Este é, sem dúvida, um fator que contribui para o sucesso e reconhecimento desta nova região milenar, num encontro de história e modernização, rusticidade e refinamento.
Passeamos pelas diversas subregiões, de Silgueiros até a Serra da Estrela, e por inúmeras aldeias. Entre elas, Nelas, Carregal do Sal e Santar – esta última tem um terroir único e é carinhosamente, à boca pequena, como a Saint Emillion do Dão.
Para que vocês possam experimentar um “bocadinho” (como dizem os portugueses) dos vinhos deliciosos ali produzidos, conheço, e por isso recomendo, os seguintes produtores: Quinta do Ribeiro Santo, Quinta do Sobral, Casa de Santar e Quinta da Alameda, entre tantas outras boas vinícolas e cooperativas da região.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!!!