Enoleitores,
Em nosso passeio por Portugal fomos passar um fim de semana no Douro, mais precisamente na Quinta da Covela, uma vinícola datada do séc. XVI, mas superatual e bem cuidada, já que em 2011, após um breve período de abandono, foi adquirida por uma dupla de novos proprietários. Um deles, o simpático inglês Tony Smith, nos recebeu muito bem e apresentou o melhor da vinícola e daquela região; o outro é um investidor brasileiro. Com todo o cuidado e respeito pela tradição e qualidade dos vinhos, eles optaram por manter a mesma equipe, com o renomado enólogo Rui Cunha, envolvido no projeto desde 1992 e responsável pela elaboração dos vinhos desde 1998.
Situada numa encosta belíssima, com vista para o Rio Douro, entre a zona granÍtica da Região dos Vinhos Verdes e a região de xisto dos Vinhos do Porto, mais precisamente próxima a São Tomé de Covelas e Santa Cruz do Douro, aliando o charme da beleza natural à sua rica história cultural, pois, desde os anos do XVI, a antiga Casa de Covela, formada pelas ruínas do solar renascentista, os lagares e a capela, testemunha a presença multissecular da produção de vinhos e importância histórica desta quinta.
Na segunda metade do século passado, esta pertenceu ao cineasta Manoel de Oliveira, transformando-a em várias frentes. No final dos anos 80, a Quinta foi adquirida pelo empresário Nuno Araújo, que investiu firmemente nas vinhas e nos vinhos mais atualizados, com blends modernos, criando a marca Covela. Aos poucos, foi ganhando notoriedade nacional e internacional: em 2007, conquistou o Estatuto de Produtor Biodinâmico, consagrando a Covela na vanguarda vinhateira do país.
Além da casa principal e da adega, atualmente esta possui três outras casas modernas, de linhas sóbrias, assinadas pelo conceituado arquiteto português José Paulo dos Santos. São muito bem decoradas e assentadas na encosta, onde aliam uma vista cinematográfica sobre as vinhas e o deslumbrante Vale do Douro.
Dentre as castas cultivadas para os vinhos, a avesso (original da região do Minho), é a principal dos brancos, associada a arinto, chardonnay, viognier e gewurztraminer. A uva tinta touriga nacional é muito plantada para os rosés e o Covela escolha, um tinto tranquilo, que junto à merlot, cabernet sauvignon e cabernet franc produzem o Covela colheita selecionada – ótimo vinho.
Andamos pelos vinhedos, que já não tinham as uvas brancas, recentemente colhidas, enquanto ainda havia algumas tintas. Passamos pelas ruínas e também pelo pomar, até chegarmos à adega propriamente, onde pudemos ver todo o início do processo de elaboração dos brancos , na sua fermentação e na preocupação dos responsáveis pela temperatura das cubas de inox , pois esta etapa é muito importante, fazendo toda a diferença no produto final.
Vamos aguardar a chegada no mercado da safra 2016….
Enoabraços e uma ótima semana a todos!