O golfinho da espécie Toninha, apelidado de “Pepê”, por ter sido encontrada em Peruíbe, e que esta há 70 dias em tratamento no Centro de Recepção e Triagem de Animais Marinhos (Cetas), unidade da Secretaria de Meio Ambiente de Guarujá, será solto nesta terça-feira (7).
A ação acontece na Ilha Queimada Pequena, há 20 km da costa, próxima de onde o animal foi encontrado, e conta com o apoio do Grupamento de Bombeiros Marítimo (GBMAR), Policia Ambiental, e do Instituto Chico Mendes de Itanhaém.
Na oportunidade, uma tartaruga verde, de 50 centímetros, que também estava em tratamento, será solta. A toninha será libertada na região em que foi encontrada, pois como é um animal que vive em grupos endêmicos, a probabilidade dela reencontrar outros membros de seu grupo familiar é muito grande, pois os golfinhos tem uma avançado sistema de comunicação com outros membros de sua espécie.
O Cetas Guarujá conta com parceria do Gremar-Pesquisa, Educação e Gestão Ambiental. A presença de uma toninha em cativeiro chamou a atenção de pesquisadores de outras regiões do Brasil, que desenvolveram estudos de bioacústica.
Segundo a médica veterinária e coordenadora do Gremar, Mariana Zillio, quando o animal chegou à unidade era alimentado por sonda e monitorado 24 horas por dia, pois tinha perdido a capacidade de nadar e flutuar. “Sua recuperação foi lenta e difícil, mas a toninha venceu! Não há casos de recuperação de toninhas em cativeiro, especialmente nessas condições, pois ela chegou bastante ferida por redes e sinais de afogamento, o que prejudicou sua plena capacidade pulmonar. A decisão de ser solta é resultado da capacidade dela se alimentar por conta própria”, diz Mariana.
Segundo a veterinária, nunca um animal da espécie sobreviveu tanto tempo. “Pepê recuperou a capacidade de nadar e respirar. Nós percebemos que ela abria a boca e tentava se comunicar. Por esse motivo, entramos em contato com outras instituições. Isso gerou uma valiosa troca de informações, com cientistas de outras regiões que estão fazendo pesquisas sobre a espécie”, afirmou Mariana.
Resgatando vidas – Além da Pepê, atualmente cerca de 20 animais estão sob os cuidados do Cetas/Gremar. Entre eles, fragatas, atobás (também conhecido como alcatraz ou mergulhão) e tartarugas. Aqueles que não conseguem se recuperar, mas também não conseguem retornar à vida na natureza são encaminhados a parques e zoológicos.
Só são soltos os animais que apresentam 100% de avaliação social, comportamental, status sanitário capacidade física. “Eles são anilhados e monitorados após a soltura”, disse Andrea Maranho, que se diz ansiosa pelo retorno dos animais à vida marinha. “Gosto de ver os bichos soltos, felizes.”
Cuidados – Os técnicos do Cetas orientam: “Quem achar animais nas praias ou áreas urbanas, sejam em que condições, não devem se aproximar ou tocá-los. Os bichos são selvagens, portanto desenvolvem os seus mecanismos de autodefesa. Sendo assim, eles podem morder, bicar, enfim, podem ferir e até transmitir doenças. Por isso, é imprescindível que as pessoas, ao avistarem um bicho, acionem os guarda-vidas, a Polícia Ambiental ou a nossa equipe.”
O Cetas/Gremar está localizado no quilômetro 14,5, da Rodovia Guarujá/Bertioga. O telefone da unidade é 3386-3110.