Até o início do século passado o Valongo era reduto da elite santista. À medida que Santos cresceu, o bairro foi perdendo status e as boas casas, onde residiam famílias endinheiradas, passaram a ser ocupadas por gente mais simples, que chamava a Freguesia do Valongo de Bairro Chinês. A denominação remonta à época em que imigrantes japoneses começaram a transformar o chamado Capinzal em chácaras: por terem olhos rasgados, foram confundidos com chineses, daí o aparecimento do nome popular.
Foi mais de um século de existência, considerando suas várias fases, que fez desse hotel um ponto de referência da cidade, com muitas histórias, principalmente no auge de suas atividades, quando o cassino fervilhava, atraindo gente endinheirada e artistas, e seu luxo e conforto fizeram fama. Ocupava todo um quarteirão no bairro do Gonzaga, junto à praia. O próprio Hotel Parque Balneário serviu como base para a criação de vários clubes e entidades, sendo marcantes ainda os banquetes, jantares e bailes ali realizados. Com a proibição do jogo e devido às crises que assolaram o país, o hotel entrou em decadência. Em 1972 foi vendido para um grupo financeiro que, em 1976, iniciou a sua demolição. Em seu lugar, foram construídos o atual hotel, o shopping e outros prédios.
Cinelândia
Santos já teve o maior número de cinemas por habitante do país, época em que o Gonzaga era conhecido como Cinelândia. Os cinemas espalhavam-se pelos bairros (Macuco, Marapé, José Menino, Encruzilhada e outros), com concorridas matinês e estreias de clássicos da telona. Eram salas enormes, como a do antigo Cine Caiçara, no Boqueirão, com capacidade para 1.800 lugares. A maioria cedeu lugar para supermercados, lojas e até igrejas. Hoje, o cinema é um espaço de lazer confinado em salas menores dentro de shoppings, competindo com a tevê de alta definição, o DVD, o videogame, a Internet, mas não perde o glamour como sétima arte.
Pista de avião na praia do Gonzaga
É difícil de acreditar, mas a praia do Gonzaga já serviu de pouso e decolagem de aeronaves pilotadas por personagens históricos como Edu Chaves, Roland Garros e Anésia Pinheiro Machado. Na época, uma viagem de aeroplano de São Paulo a Santos era considerada uma verdadeira “prova de fogo”, devido à Serra do Mar.
Eduardo Pacheco Chaves e o francês Roland Garros realizaram a primeira viagem aérea São Paulo-Santos-São Paulo em 9 de março de 1912. Na ocasião, o governo do estado oferecia um prêmio de 30 mil réis a quem conseguisse a façanha. Em 18 de maio de 1922, Anésia, aos 17 anos de idade, aterrissou com seu pequeno aeroplano na praia do Gonzaga, surpreendendo os banhistas que ali se encontravam. Uma outra aviadora, Thereza di Marzo, a primeira mulher brasileira a tirar o brevê de piloto, não ficou atrás, levando a cabo o ousado raid aéreo São Paulo-Santos no dia 7 de setembro daquele mesmo ano, como parte das comemorações do Centenário da Independência do Brasil.
Matadouro Municipal
Inaugurado em 1916, o antigo Matadouro Municipal funcionou até o final da década de 60 na av. Nossa Senhora de Fátima, na Zona Noroeste, onde hoje é a sede local do Sesi.Era o destino final dos bois que chegavam a Santos. Lá, as reses eram abatidas, para abastecer os açougues e os pequenos frigoríficos. Era lá também que as pessoas iam buscar carne fresca. De vez em quando havia estouro da boiada. Quando o Matadouro foi inaugurado, a Zona Noroeste não passava de um grande manguezal. Aos poucos, algumas chácaras foram surgindo e, com elas, a povoação da área. Para isso contribuiu a antiga Linha 1 do bonde, que ficou conhecida como Linha do Matadouro.
Estação Sorocabana
Uma das construções mais características da Santos do século XX é a Estação da Estrada de Ferro Sorocabana, na confluência das avenidas Ana Costa e Francisco Glicério. Inaugurada em 26 de julho de 1938, com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas, substituiu uma pequena estação terminal da linha ferroviária Santos a Juquiá, que ligava o Porto de Santos ao Vale do Ribeira. Foi graças a esse trem que cidades como Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Miracatu e Juquiá cresceram. A Sorocabana passou ao controle da Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa) em 1971 e, com a privatização da Fepasa, a estação foi fechada e seu prédio foi tombado pelo Patrimônio Histórico de Santos e restaurado para uso em atividades culturais. No antigo pátio de manobras foi erguido um hipermercado.
Pink Panther
Uma boate à beira-mar. O Pink Panther, porém, não era apenas isso: a famosa casa noturna oferecia grandes atrações, belas moças, atendentes poliglotas e atraía anônimos e famosos, em busca de companhia ou apenas se divertir com os shows apresentados. Funcionou até a década de 90 no mezanino do Edifício Universo Palace, na praia do José Menino. O edifício foi erguido onde antes existia o Palace Hotel, um sofisticado hotel inaugurado em 1910 e que contava em seu interior com esculturas francesas e lustres de cristal.

Banho da Dona Doroteia
O “Banho Dona Doroteia, Vamos Furar Aquela Onda” deixou saudades nos foliões santistas. Era a grande diversão do domingo que antecedia o Carnaval , com o desfile de blocos patuscos e não-patuscos pela avenida da orla, na Ponta da Praia. Homens caracterizados de mulheres e blocos que encantavam por suas fantasias de luxo e elaborados carros alegóricos, como o Dengosas do Marapé, Favoritas do Sultão, Bloco das Esmeraldas, Mariposas de Santo Antonio, Romanos do Campo Grande, As Misses, Gueixas do Atlanta, Cruz de Malta, Oswaldo Cruz. A brincadeira foi criada no Clube de Regatas Saldanha da Gama em 1923 e durante décadas foi uma das grandes atrações da cidade. Infelizmente, acabou na década de 90 devido à violência.
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