Olá, enoamigos! Nesta semana, abro espaço para meu amigo Ricardo Cardozo brindar-nos com seus conhecimentos sobre os vinhos franceses. Ele fala sobre a região de Beaujolais. Acompanhe:
Beaujolais é uma região da França menosprezada por nós, brasileiros, por falta de informação e principalmente por falta de bons vinhos para degustarmos. Os vinhos de Beaujolais oriundos de bons produtores são surpreendentes, mesmo os mais simples, como aqueles das classificações Beaujolais Nouveau, que são liberados com grande festa todos os anos, na terceira quinta-feira de novembro, cuja vinda é celebrada pelos amantes do vinho em muitos países; seguido do Beaujolais e do Beaujolais Villages, na ordem crescente de complexidade.
Mas existem outros vinhos em Beaujolais além destes. São os vinhos Cru de Beaujolais, ou vinhos comunais, que trazem estampados no rótulo o nome da comunidade (microrregião) na qual estão os vinhedos utilizados na sua produção.
AOCs de Beaujolais
Além das três classificações já citadas, temos os dez Crus, ou comunas, que produzem vinhos de grande qualidade: Brouilly, Chenas, Chiroubles, Côte-de-Brouilly, Fleurie, Julienas, Morgon, Moulin-à-Vent, Régnié e Saint-Amour.
O vinhedo
Vizinho de Borgonha, ao sul, os vinhedos de Beaujolais estendem-se por uns 40 quilômetros, em direção a Lyon. Na parte norte, onde predominam os solos graníticos, situam-se as AOCs Village e os dez Crus. Na parte sul, predominam os solos calcários, que abrigam a AOC Beaujolais.
A variedade principal é a Gamay, uva tinta de polpa branca, que ocupa quase a totalidade do vinhedo e se beneficia muito dos solos graníticos. O restante do vinhedo é composto por chardonay, aligoté, melon e pinot noir.
Vinhos
Os tintos, elaborados exclusivamente com uvas gamay, representam a quase totalidade da produção desta denominação. Em ordem crescente de complexidade temos:
Beaujolais Nouveau- Guarda de no máximo um ano.
Beaujolais- Guarda de no máximo de um a dois anos.
Beaujolais Village- Guarda de três a cinco anos, dependendo da safra.
Beaujolais Cru- Guarda de dez anos ou mais, dependendo da safra.
São produzidos ainda os Beaujolais Blanc e Rosé, porém é muito difícil de encontrá-los no Brasil.
Estes vinhos, dada a gama de complexidade e corpo, são bem versáteis, permitindo uma harmonização variada. São adequados ao nosso clima litorâneo, principalmente nesta época de temperaturas vulcânicas. Os vinhos mais simples, para quem não abre mão de um tinto, podem ser servidos entre 9oC e 13oC, sendo bem frutados e refrescantes. Já os vinhos de Cru, por serem bem mais complexos e estruturados, devem ser servidos entre 14oC e 18oC.