A sabedoria popular diz que “o mais difícil não é escrever muito, é dizer tudo escrevendo pouco”. Verdade incontestável. Coube a mim sintetizar, em poucas linhas, o que significa o Clube de Xadrez de Santos nos contextos esportivo e educacional, porque alguns dos principais jogadores brasileiros foram revelados nessa quase centenária entidade.
Sediado no Gonzaga (Rua Fernão Dias, 46, sl 3, telefone: 3302-0014), este senhor charmoso, respeitado e admirado por todos, praticantes ou não, foi fundado em 1º de janeiro de 1925, completando, portanto, 89 anos de glórias. Reconhecido de utilidade pública pela lei municipal nº 2876, de 19 de maio de 1964, e sancionada na gestão do prefeito José Gomes, o CXS cresceu e não parou de prestar relevantes serviços à sociedade. O tempo, dizem os experts, é o melhor dos conselheiros, a ponto de torná-lo forte, referência e, sem dúvida, exemplo a ser seguido por outros municípios.Uma história recheada de conquistas
O atual presidente, Horácio Prol Medeiros, e o vice, Carlos Alberto Sega, acompanham a trajetória do CXS e fazem questão de relembrar um pouco dessa história rica que teve, por exemplo, o privilégio de revelar campeões em todas as categorias e idades.
“Hoje, temos poucos associados por causa, sobretudo, da facilidade de jogar pela internet. O clube sobrevive de torneios que organiza e do circuito escolar (foram realizadas 13 edições), movimentando mais de 30 escolas da Baixada”, destaca Horácio. Ele aponta também o papel fundamental da ONG Caminho do Sol, parceira que atua no ensino de xadrez para jovens e crianças e promove competições conjuntas.
“Antigamente, tínhamos dois circuitos escolares simultâneos. Com a parceria consolidada, há dois anos, unificamos procedimentos, o que contribuiu para o surgimento de novos talentos. No âmbito coletivo, a Escola Municipal Bernal Xadrez, venceu três campeonatos brasileiros. Os professores e alunos (crianças entre 7 e 11 anos), estão de parabéns”, comemora.
Para Carlos Alberto Sega, o respeito conquistado por Santos se deve ao fato do CXS ser a única entidade filiada à Federação Paulista de Xadrez. “Aquele jogador que deseja disputar uma competição em nível estadual tem que, obrigatoriamente, filiar-se ao CXS. E o clube, para organizar torneios, necessita integrar-se à FPX”.
Celeiro de campeões
Inúmeros jogadores revelados pelo CXS conseguiram títulos importantes ou impuseram respeito aos adversários. São, no mínimo, três gerações campeãs. A lista é imensa e seria impossível citar todos esses talentosos jogadores. “Peço desculpa se a minha memória falhar: Dr. Jair de Oliveira Freitas, Roberto Assumpção (campeão paulista absoluto), Marcos Paolozzi Sérvulo da Cunha (pentacampeão brasileiro absoluto e várias vezes vice), Márcio Elísio de Freitas, a jovem Athemis (campeã brasileira adulta e integrante da equipe de xadrez que disputou a última Olimpíada), Larissa Barbosa, João Danilo, Takeda e Yamamoto (ambos campeões paulistas) etc.”, recorda.
Santos é competitiva. Não é por acaso que a cidade sagrou-se vice-campeã dos Jogos Regionais, foi medalha de bronze nos Abertos do Interior e impõe sua força na Divisão Especial.
Independentemente de ser considerada esporte ou ciência, a batalha travada nas 64 casas do tabuleiro, alternadas entre brancas e pretas, proporciona situações memoráveis, diferenciadas e empolgantes se comparadas a outras modalidades. Cientistas e estudiosos dos mistérios que envolvem o cérebro humano buscam compreender a dimensão do fascínio exercido pelo xadrez. Todavia, existe um ponto consensual entre eles: para se alcançar pleno êxito, é preciso retemperar-se na luta e vencer a si mesmo.