Meio Ambiente

Fontes alternativas contribuem para o momento da energia elétrica no Brasil

28/02/2014
Fontes alternativas contribuem para o momento da energia elétrica no Brasil | Jornal da Orla
Enquanto a Petrobrás estuda importar mais gás natural da Bolívia para suprir a seca prolongada que afeta reservatórios das hidroelétricas, especialistas do setor avaliam que a questão poderia ser resolvida de outra forma: utilizando o processo de Cogeração a gás natural, por exemplo. Durante os períodos de estiagem, a empresa de petróleo brasileira determina o despacho de térmicas a gás. Esse cenário é vivenciado há, pelo menos, dois anos – quando as importações de gás natural saltaram de cerca de 36 milhões de metros cúbicos diários em 2012 para a marca histórica de 47 milhões de metros cúbicos por dia em 2013, segundo dados oficiais.
 
Importações no mercado à vista, feitas em geral quando há uma necessidade maior, normalmente são realizadas a valores mais elevados do que aquelas contratadas, o que colabora para aumentar gastos da Petrobras com compras externas de combustíveis. Isso ocorreria porque, com a menor geração por hidrelétricas, há uma maior necessidade de energia pelo crescimento da demanda por geração complementar no sistema a partir de Usinas Termelétricas.
 
Custo da importação
 
A Petrobras importa gás natural da Bolívia por meio de contrato de longo prazo e também Gás Natural Liquefeito (GNL) de diversas fontes, normalmente no mercado “spot”, a preços mais elevados. O preço do gás no “spot” está alto já que o frio no hemisfério norte também aquece a demanda pelo combustível naquela região, e a Petrobras não pode repassar a diferença para os contratos com termelétricas.
 
A estatal gastou até setembro do ano passado o equivalente a todo o valor desembolsado para comprar gás em todo o ano de 2012, mostram dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A compra de gás no mercado à vista, diante da demanda emergencial gerada pelas térmicas, é um dos fatores por trás desses gastos adicionais.
 
Riscos de racionamento
 
Em momentos de seca, praticamente toda a capacidade termelétrica do país é acionada. Em janeiro deste ano, a seca atípica voltou a atingir a região Sudeste, levando à redução dos níveis dos reservatórios em plena estação úmida, e as térmicas do país passaram a gerar a praticamente toda capacidade.
 
As térmicas do sistema interligado de gasodutos estão consumindo atualmente entre 36 milhões e 38 milhões de metros cúbicos por dia. Outros 7 milhões estão sendo consumidos por térmicas nos sistemas isolados do Maranhão e outros 5 milhões no Amazonas.
 
Comgás incentiva a cogeração
 
As distribuidoras de gás natural canalizado vislumbram na crise dos reservatórios uma oportunidade para avançar em um nicho do mercado dominado pelas elétricas: o atendimento das necessidades energéticas de grandes indústrias e centros comerciais (edifícios e shoppings). Pela cogeração, as empresas desejam ganhar mercado sob a tese da segurança do suprimento e da qualidade do fornecimento.
 
Em tempos de forte questionamento sobre a confiabilidade da malha de transmissão e da capacidade de o sistema atender a demanda do mercado, concessionárias e entidades setoriais destacam os benefícios da cogeração.
 
Entre as vantagens estão a produção de energia próximo aos centros de consumo, o que reduz a dependência da rede externa e diminui a geração térmica, e o dobro de eficiência energética da cogeração em relação às térmicas, usadas a plena capacidade para evitar o apagão.
 
A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) – maior distribuidora de gás natural canalizado do País – incentiva o uso do gás natural para fins de cogeração e endossa o debate sobre a necessidade de incluir fontes alternativas de energia em momentos que o País vivencia falhas na distribuição de energia elétrica.
 
A cogeração é uma forma de gerar calor e eletricidade, que pode ser feita por meio da queima de gás natural. Para entender o que é esse sistema, é preciso saber que todo gerador elétrico acionado por um motor que usa um combustível é chamado de gerador termelétrico. Por maior que seja a eficiência desse gerador, cerca de 70% da energia contida no combustível é transformada em calor e perdida para o meio-ambiente. Trata-se de uma limitação física que independe do tipo de combustível (diesel, gás natural, carvão etc.) ou do tipo de motor (a explosão, turbina a gás ou a vapor).
 
“A cogeração, ao contrário, permite a produção simultânea de energia elétrica, térmica e de vapor, a partir do mesmo combustível: no caso, o gás natural. O calor que seria dissipado é recuperado dos gases de escape e produz vapor, ar quente e refrigeração, que podem ser utilizados nos processos industriais, gerando mais energia elétrica, por exemplo”, esclarece Sérgio Silva, Diretor de Marketing da Comgás.
 
Vantagens da Cogeração
 
O ganho com eficiência neste sistema proporciona a produção de uma energia elétrica confiável, com custo competitivo, ficando a unidade industrial ou comercial independente da qualidade de fornecimento do distribuidor de energia. Fato da maior importância para usuários que necessitam de um abastecimento contínuo e ininterrupto, como hospitais, hotéis, shopping centers e grandes empreendimentos ou mesmo indústrias. E, em um futuro próximo, acredita-se na geração distribuída. Ou seja, essas empresas poderiam hoje estar injetando energia no sistema elétrico de forma sustentável a partir da eficiência energética conforme citado anteriormente e a custos extremamente mais competitivos que os custos pagos pelo sistema através do despacho de termelétricas por diversas fontes no PLD que atingiram R$ 822,00/MW em Fevereiro.
 
A cogeração tem um caráter descentralizador, porque precisa estar próxima da unidade consumidora. Por isso, o impacto ambiental é reduzido, já que não há necessidade de linhas de transmissão extensas e suas conseqüentes infraestruturas.
 
Nos países desenvolvidos, a cogeração vem sendo empregada em diversos segmentos. Já no Brasil, esse sistema já conta com uma linha de financiamento oferecida pelo BNDES para a sua implantação.