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Quando Santos será “gente grande”?

06/01/2014
Quando Santos será “gente grande”? | Jornal da Orla
Caro leitor, Feliz 2014! Mas inicio o ano com uma pergunta: por que Santos não se posiciona como cidade grande? Ou melhor, como gente grande? Por que Santos ainda insiste em ser um balneário de lazer de paulistanos e de paulistas? Por que os santistas não se fortalecem para criar uma cidade internacional?
Desde o Natal de 2013 à passagem de ano para 2014, a cidade está enfrentando alguns desafios que a colocam em xeque, ou melhor, traz alguns fantasmas do passado, de uma época em que a pequena Santos, quase dos Bonifácios, já sofria com a falta de água, os congestionamentos de burros de cargas, a falta de estrutura no porto, a malária, as enxurradas e a falta de canais de escoamentos (Santo Saturnino!), entre outros problemas.
Mas hoje a cidade representa um dos maiores PIB’s da América Latina, considerando 405 mil habitantes. A mesma Santos hoje é a cidade do maior Porto da América Latina. A mesma Santos, berço do Patriarca da Independência, é hoje a cidade do pré-sal, quiçá da quinta maior produção de petróleo nos próximos 10 anos.
Mas por que a cidade ainda se comporta como criança? Por que Santos não cobra uma postura de “gente grande” perante o Estado e a Federação?
Antes de culpar o “sistema”, como todo mundo culpa, eu me pergunto: por que nós, santistas, insistimos em não sermos “gente grande”? Alguns pontos interessantes:
– Por que o santista (de Santos e de toda Baixada Santista) deve descer a Anchieta aos domingos e não a Imigrantes?
– Por que Santos e a Baixada Santista só têm reforço policial nas festas e férias? Por que não tem uma estrutura policial maior durante todo ano?
– Por que a entrada do Porto de Santos parece ser da época da Marquesa de Santos?
– Por que, há anos, vemos a manchete: “falta de água atinge cidades da Baixada Santista”?
– Por que “cargas d’águas” a violência insiste em aumentar no período de festas em Santos?
– Por que a fila da balsa entre Santos e Guarujá, em pleno 2014, ainda tem uma espera entre 30 minutos e 1 hora?
– Por que as praias da Baixada Santista conseguem o recorde de lixo, sujeira, coliformes fecais, e todo tipo de sujeira em apenas dois dias de festas?
– Por que Santos insiste em políticos antigos e atrasados? Quando teremos novos nomes?
– Por que todos os dias sobem novos edifícios em Santos, considerando que a população reduziu, no último levantamento do IBGE?
– Por que Santos não é um pólo cultural, como foi no passado?
– Por que Campinas, Ribeirão Preto, Santarém e Chuí têm mais posturas firmes do que Santos?
Santos não é só praia, não é balneário. Santos é cidade grande, é “gente grande”. Mas será que o santista pensa assim? Santos é uma marca internacional. Tem produtos e equipamentos para tal, mas a postura precisa mudar. Nos últimos dias, as praias de Santos apresentaram um desleixo total do cidadão, sem contar o descaso de quem vem de fora.
Na passagem do ano, pensei que estava em uma guerra. Arruaceiros, bêbados, tarados e loucos entre famílias -santistas, paulistanos, paulistas, brasileiros e estrangeiros.
Brasileiro se contenta com pouco, mesmo considerando que o país é maior do que se imagina. Santos é uma cidade grande, que tem problemas sociais como todas têm, mas se comporta como algo perdido no tempo, ou no “fantástico mundo de Bob”.
Se Santos se comportar como “gente grande”, todo mundo ganha, inclusive os turistas e os chatos de plantão. Não quero ser pessimista logo no início de ano, mas sou realista. Santos precisa de uma reação, necessitamos de novos políticos e de novos representantes federais e estaduais. Não podemos ter “mais do mesmo”. Precisamos de uma nova Santos, de uma nova cidade internacional, histórica, arqueológica, inovadora e de futuro!