Marielle Batista da Silveira Araujo
Você está em uma festa e pegou uma fatia de bolo de aniversário (sim, aquele de chocolate que você ama). Depois de dar a última garfada, percebe o sentimento inconfundível de culpa vindo à tona…aquela voz interna dizendo algumas coisas do tipo “eu não deveria ter comido isso”, “estou tão arrependida ter comido isso”, “não acredito que comi a fatia inteira… eu não deveria ter feito isso”, “preciso comer menos amanhã…”. Essas frases soam familiar? Alguma experiência alimentar já deixou você com vergonha? Se a sua resposta for sim, então você sentiu culpa alimentar.
Para quem não sabe, a culpa alimentar é sentir-se mal depois de comer um determinado alimento ou uma porção significativa de comida. A origem desse sentimento pode surgir por diversos motivos, um deles é acreditar que os alimentos precisam ser rotulados como “bons” ou “ruins” e que quando comemos algo considerado por muitos como “ruim” somos inundados por vergonha e culpa, já que uma parte de nós sente que realmente fizemos algo errado!! Mas por que algo que consideramos prazeroso precisa ter culpa associada a ele? A boa notícia é que a culpa alimentar é algo que aprendemos, o que significa que também podemos desaprender!!
A verdade é que não existem alimentos “bons” ou “ruins”. Nenhum alimento deve ter valor moral. Ou seja, ao atribuir palavras moralmente carregadas para descrever a comida, você contribui para o impacto emocional que elas podem causar em você depois de comer. Então lembre-se sempre: não existem alimentos bons ou ruins, eles são apenas diferentes!!
É claro que alguns alimentos contêm mais nutrientes do que outros. Mas há hora e lugar para todos eles! Por exemplo, uma fruta provavelmente desempenha um papel diferente do bolo de chocolate em sua vida. Mas se você deseja um bolo de chocolate (ainda mais celebrando uma festa de aniversário), uma maçã não vai resolver nada!
Para superar essa relação culposa com a comida, é essencial reconhecer os muitos papéis que a comida desempenha em sua vida além da nutrição, como conexão, memória afetiva, celebração, prazer, conforto.
O que importa no fim das contas é o quadro geral: tudo o que você come é apenas uma pequena parte de sua dieta. Temos muitas ocasiões durante a semana para fazer escolhas alimentares que se alinhem com os nossos objetivos, então depois de comer algo que não esteja na sua rotina, só siga em frente. Não esqueça que é melhor aproveitar um pouco de tudo com moderação, em ocasiões que faça sentido, do que se restringir e se sentir mal toda vez que comer algo diferente. Assim como os alimentos não são bons ou ruins, você também não é uma pessoa menos saudável ou mais saudável por comê-los!
*Marielle Batista da Silveira Araujo – CRN3: 7325-3. Nutricionista
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