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O IMC não deve ser usado para indicar saúde individualmente

18/11/2022
O IMC não deve ser usado para indicar saúde individualmente | Jornal da Orla

Marielle Araujo

Inventado há quase 200 anos, o Índice de Massa Corporal (IMC) é uma equação que divide a massa corporal (kg) de um indivíduo pelo quadrado de sua estatura (m). O resultado do cálculo revela a faixa em que essa pessoa se encontra, de acordo com a seguinte classificação: Abaixo do peso (IMC abaixo de 18,5), peso adequado (IMC de 18,5 a 24,9), excesso de peso (IMC de 25 a 29,9) e, obesidade (IMC de 30 ou superior).

Na prática, se alguém pesa 55kg e tem 1,6m de altura, por exemplo, ele teria um IMC de aproximadamente 21,48. Logo, pela classificação essa pessoa estaria dentro da faixa de peso adequado para a sua altura.

Embora o IMC seja amplamente utilizado como ferramenta de triagem para indicar, com base em seus resultados, em qual categoria você se enquadra e, se você possui um maior risco para certas condições de saúde, como doenças cardíacas ou diabetes, não há uma correlação direta dessa equação com o estado de saúde de um indivíduo, e hoje vamos entender o porquê!

Uma das maiores falhas do IMC, é que ele é apenas uma relação entre peso e altura; não é um indicador de gordura corporal. Isso quer dizer que, ele não fornece nenhuma indicação da distribuição da gordura corporal e conteúdo de músculo (massa magra) de uma pessoa. O fato de o IMC não diferenciar gordura, músculo ou massa óssea pode ser uma limitação, já que o resultado pode levar a suposições imprecisas em certos pacientes. Os atletas são um ótimo exemplo para ilustrar essa situação – Um atleta pode ter 70kg, assim como uma pessoa sedentária, mas a diferença é que ele tem mais massa muscular do que a pessoa sedentária. Você concorda? Como o músculo pesa mais do que a gordura, inevitavelmente, ele será classificado com sobrepeso ou obesidade de acordo com seu IMC, isso devido ao excesso de massa muscular que ele possui.

Outros casos em que a classificação do IMC pode ser imprecisa, seria por exemplo, de pessoas consideradas magras, mas que possuem muito músculo (e pouca gordura) no corpo, gestantes em que o desenvolvimento do bebê aumenta consideravelmente o seu peso, ou idosos que têm redução gradativa de peso.

Mas, o IMC por si só poderia dizer se alguém está em maior risco de doença cardíaca ou diabetes? Não, ele não pode. Entre os diversos fatores que desempenham um papel na saúde de uma pessoa, o IMC não considera idade, sexo, raça, condicionamento físico, predisposição genética, estilo de vida ou acesso a cuidados médicos, por exemplo.

Dessa forma, o IMC pode ser usado como uma ferramenta de investigação adicional sobre o risco ou estado de saúde, mas não é suficiente para definir um diagnóstico de gordura corporal ou da saúde de um paciente.  Algumas métricas e informações que podem ser usadas, em conjunto com o IMC, para obter um indicador de saúde mais fidedigno e preciso são: a análise da gordura corporal, bem como a avaliação dos hábitos alimentares e prática de atividade física, além de histórico familiar de doenças crônicas.

Lembre-se, o IMC é uma abordagem inicial. Agora que você aprendeu como faz o cálculo, independente do resultado, use- o como motivação para as suas metas de mudanças de hábitos, procure a orientação de um especialista e, não se esqueça de que a busca de uma rotina equilibrada é sempre a melhor opção!

 

Marielle Araujo – nutricionista

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.

 

 

 

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