Alessandra Moreno de Oliveira
A saúde mental atualmente tem um lugar fundamental no entendimento do ser humano diante de um sofrimento. Vivemos hoje, menos preconceito em aceitar ajuda dos profissionais que cuidam da “psiquê” humana.
Desde um simples mal estar que se torna frequente até uma patologia mais grave, as emoções estão ali, presentes e atuantes. Impossível se manter desconectado do que ocorre no mundo externo. Até os mais “insensíveis” demonstram, com esse comportamento, questões emocionais que os distanciam do contato com o que gera a dor, a raiva, a tristeza e assim vão vivendo, se ajustando abstraindo-se do sofrimento.
Considerando a etimologia da palavra, que vem do latim: suferre; aguentar, sofrer e ferre; levar, carregar, podemos entender por sofrimento, algo que se carrega, sentimento de dor.
E que dor é essa que se sente, mas que não se define?
Dor física e/ou emocional, ambas estão juntas, se prestarmos atenção!
O nosso corpo fala através de nossas sensações, por isso é tão importante nomeá-las.
Algumas conseguimos entender e curá-las, como por exemplo, quando estamos com fome, temos uma dor ou algo que é percebido no corpo e, então, comemos para sana-la.
Mas e a dor das emoções, da alma?
Muitas histórias de sofrimento são ouvidas e, especificamente, do ponto de vista profissional, os psicólogos estão constantemente ouvindo as dores dos seus pacientes. E qualquer que seja a dor, ela é acolhida, sentida, presentificada no momento que se fala dela e, muitas vezes, aliviada, podendo ser ressignificada e assim deixando de “carregá-la” sozinha. Este movimento é preenchido por uma vivência com outro olhar, novas possibilidades e novo campo de visão.
Cada sofrimento é único e especial. Não pode ser julgado ou comparado com o do outro, pois cada ser humano possui um funcionamento e recursos emocionais construídos ao longo da vida. O desafio está conhecermos este funcionamento próprio, desenvolver a flexibilidade para se ajustar e poder lidar com as situações difíceis.
Um divórcio, um luto, uma doença, um amor perdido, uma limitação, a perda de um emprego, uma angústia sem definição, enfim, qualquer situação que se apresente é capaz de gerar um sofrimento.
Crianças também sofrem e quanto menores são, menos se dão conta. Elas são capazes de sentir algo ruim e brincar logo após, com toda sua graça e espontaneidade.
E os idosos…já eles são dotados de uma sabedoria mágica e uma lista imensa de situações que lhe causaram sofrimento. Não é a toa que quando o corpo envelhece, toma uma forma “carregada” de expressões marcadas, como se cada traço quisesse deixar um bilhete escrito “estive aqui”.
Mas como dizia minha avó: Tudo passa! E vc? Qual seu sofrimento presente?
Tomar consciência dele, olha-lo com carinho e respeito a si mesmo, manter as relações familiares e também aquelas que te acolhem afetuosamente, são fundamentais para que possamos “dividir” nosso sofrer.
Alessandra Moreno de Oliveira – CRP 06/55794. Psicóloga
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