O descuido com a saúde bucal pode levar não apenas à perda de dentes mas ao desenvolvimento de doenças que podem levar até à morte. Apesar de parecer alarmista, este é o alerta que a Federação Dentária Internacional (FDI) faz, concentrando esforços neste domingo (20/3), Dia Mundial da Saúde Bucal.
“Depois dos intestinos, a boca é a cavidade com o maior número de bactérias”, alerta o cirurgião-dentista Artur Cerri.
A maior parte dos problemas acontece nos dentes, principalmente provocados por cáries. Trata-se de uma doença infecciosa que pode levar ao comprometimento do dente, abrindo a possibilidade de esta infecção se espalhar para outras partes do corpo, como o coração e o cérebro.
Falta de higiene
A cárie se desenvolve por falta da higienização correta dos dentes e gengiva. “Todas as vezes que nos alimentamos devemos escovar os dentes e sempre que possível usar o fio dental”, orienta o especialista.
Enxaguatórios
O dentista explica que produtos usados em bochechos de assepsia são medicamentos e, portanto, também têm efeitos colaterais. “Só o profissional capacitado está apto a recomendar o produto”.
Consulta ao dentista
Dados colhidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, em 2020, mostram que apenas 49% dos brasileiros vão ao dentista. O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) recomenda que a consulta preventiva seja feita duas vezes por ano.
Políticas públicas fazem a diferença
Doutor em Saúde Pública pela USP, o cirurgião-dentista Marco Manfredini, explica que a ausência ao dentista ocorre não apenas por questões socioeconômicas, mas também por aspectos culturais e educacionais. Segundo ele, o poder público deve investir em campanhas de conscientização.
Apesar do Brasil ser o país com maior número de cirurgiões-dentistas, a distribuição desses profissionais é desigual, pois ocorre conforme o interesse econômico. “O único período em que houve uma exceção nesse quadro foi entre 2003 a 2016, quando o programa Brasil Sorridente vigorava. É necessário que haja novamente uma política de retomada deste protagonismo, com a finalidade de enfrentar os problemas de saúde bucal. Vivemos um período de desfinanciamento no SUS, com um gasto per capita muito baixo para as nossas necessidades”, conclui.