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Resenha da semana: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa

23/12/2021
Divulgação

“Sem dúvida, o filme é uma experiência inesquecível para os fãs, mas se analisada sob uma ótica mais distante, mostra-se também uma obra bastante falha”

Maior evento cinematográfico desde Vingadores: Ultimato, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa teve um exemplar trabalho de marketing em torno de seu lançamento. Quando começaram a exibir as primeiras sessões do filme, com filas quilométricas, todo mundo só queria saber se os aranhas anteriores, Tobey Maguire e Andrew Garfield apareceriam no longa. Não entrarei em spoilers nessa crítica, mas o que posso dizer é que este longa é um parque de diversões para os fãs, não só do Homem-Aranha, mas da cultura pop como um todo. Ao longo de quase 20 anos, o cinema foi presenteado por um dos personagens mais icônicos e carismáticos das HQS criadas por Stan Lee e Steve Ditko. Consciente da importância que o personagem conquistou ao longo destes anos, SONY e MARVEL tomaram descaradamente o caminho da nostalgia e tornaram este filme uma celebração deste legado, que sem dúvidas será uma experiência inesquecível para os fãs, mas se analisada sob uma ótica mais distante, mostra-se também uma obra bastante falha.

Em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, Peter Parker (Tom Holland) precisará lidar com as consequências da sua identidade como o herói mais querido do mundo após ter sido revelada pela reportagem do Clarim Diário, com uma gravação feita por Mysterio (Jake Gyllenhaal) no filme anterior. Incapaz de separar sua vida normal das aventuras de ser um super-herói, além de ter sua reputação arruinada por acharem que foi ele quem matou Mysterio e pondo em risco seus entes mais queridos, Parker pede ao Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para que todos esqueçam sua verdadeira identidade. Entretanto, o feitiço não sai como planejado e a situação torna-se ainda mais perigosa quando vilões de outras versões de Homem-Aranha de outros universos acabam indo para seu mundo. Agora, Peter não só terá que deter vilões de suas outras versões e fazer com que eles voltem para seu universo original, mas também aprender que, com grandes poderes vem grandes responsabilidades como herói. Novamente, o filme é dirigido por Jon Watts que deixa de ter uma direção medíocre e sem vida como nos anteriores e passa a arriscar mais com cenas de ação menos picotadas e mais empolgantes, com até um plano-sequencia em sua abertura. O cineasta nunca teve um estilo com marca registrada e comanda tudo de forma funcional. Sendo assim, sua câmera está sempre presente no que o personagem precisa dizer ou fazer e deixa os efeitos visuais cuidarem do restante. Apesar do empolgante primeiro encontro com o Doutor Octopus, nenhuma outra cena de ação me conquistou, sendo tudo muito genérico.

Escrito por Chris McKenna e Erik Sommers, Sem Volta Para Casa é totalmente voltados para os fãs das HQS, em especial para aqueles que cresceram lendo os quadrinhos dos personagens ou assistiu os filmes de 2002. Dito isso, todo o texto parece ter sido embasado no famoso “fan service”, ou seja, para agradar seus fãs. Esse lado é até corajoso e divertido, como fica evidente em cada segundo do filme e em cada diálogo. Mas, como eu disse anteriormente, se você analisa como fica e deixa o fã de lado, você encontrará um roteiro simples, que não consegue desenvolver certos personagens, diálogos expositivos e com gracinhas que não funcionam tanto quanto gostariam.

A trilha sonora de Michael Giacchino consegue trazer o tom épico e a grandiosidade nos momentos certos e os efeitos especiais são de alta qualidade, com toda a computação gráfica dos personagens sendo impecáveis.

Tom Holland mostra que é o mais carismático de todos os Homem-Aranha, mas isso não quer dizer que é o melhor. Sua atuação está mais madura, onde mostra seu excelente timing cômico mas também sua veia dramática. Zendaya comprova que realmente é uma das grandes revelações dos últimos anos e Benedict Cumberbatch continua ótimo como Doutor Estranho. Do lado doa vilões, destaco a atuação de Alfred Molina como Doutor Octopus, com a mesma nuance entre ameaça e arrependimento do filme de 2004 e Willem Dafoe como o Duende Verde, trazendo novamente uma vilania insana repleta de exagero e crueldade.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa transforma a ida ao cinema no grande evento do ano e com certeza agradará não só os fãs do teioso, mas quem gosta do cinema pipoca que sentimos tanta saudade.

Curiosidade: O irmão mais novo de Tom Holland, Harry, tem uma participação especial como traficante de drogas no filme, assim como fez em Cherry.

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