Se há algo de positivo no jantar realizado pelo ministro do STF, Dias Toffoli, em Brasília, sábado (3), com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do também ministro do STF, Gilmar Mendes, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e de várias autoridades e celebridades, foi mostrar ao Brasil que o jogo, a partir de agora, é aberto e que, portanto, os incomodados que se mudem.
O cinismo foi deixado de lado.
Há um tempo para tudo.
Em passado não muito distante, Bolsonaro incentivava seus apoiadores a “jantar” o STF, as esquerdas e todos os “comunas”.
Hoje Bolsonaro compartilha o jantar com os integrantes da Corte.
O prato principal não poderia ser mais revelador: pizza.
Em tempos de pandemia, quando quase 150 mil brasileiros já perderam a vida por conta da Covid-19, Dias Tofolli explicou o motivo do jantar:
“Eu sou um cara que gosta de unir as pessoas, que todo mundo se divirta. Confraternizar. Foi uma confraternização, ninguém falou de trabalho”.
Então tá, ministro.
Acredita quem quer.
Mas muitos brasileiros com mais de dois neurônios já começam a perceber que quando a extrema direita e a esquerda começam a confraternizar, em meio a maior pandemia da era moderna, a decência levou um chute.
O abraço fraternal que o “petista” Toffolli deu em Bolsonaro tem uma simbologia e só não enxerga quem não quer.
Em um país civilizado não se imagina uma cena em que juízes da mais alta corte se confraternizam com autoridades que serão obrigados a julgar em futuro não muito distante.
Mais cedo ou mais tarde as acusações contra a família imperial, digo presidencial, vão acabar no STF, da mesma forma que as ações contra Lula.
Numa analogia, seria o mesmo que um árbitro de futebol e os bandeirinhas participassem de uma festa com a delegação do Corinthians às vésperas de uma final de campeonato contra o Palmeiras.
Seria aceitável?
Na Colômbia, de Pablo Escobar, sim!
A confraternização na casa de Toffoli ao menos teve o mérito de mostrar ao distinto público, de maneira cristalina, sem rodeios, quem são os donos do circo e quem são os palhaços de sempre.
Depois de tudo junto e misturado, até a extremista Sara Winter, que comandava os tais 300 do Brasil – aqueles malucos que queriam fechar o STF e caçar comunistas – resolveu protestar:
“Não reconheço Bolsonaro. Não sei quem ele é”.
Sara Winter diz que está cansada. “Cansada de ficar calada enquanto vejo o governo que dei a minha vida enfiar uma piroca no meu c…”
Coitada da Sara.
Se achava tão esperta e agora se sente enganada.
Pois é.
Assim é a vida.