Em fase de home office, as mudanças de hábitos se refletem na alimentação, na falta de atividade física e até no hábito e na frequência de beber água. Várias queixas têm sido comuns nesse período, que as pessoas perdem a noção de quanto tempo ficam paradas na frente do computador. A cirurgiã vascular Veridiana Brito, de Santos, e o urologista Mark Fernando Neumaier, do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, esclarecem mitos e verdades sobre as queixas mais comuns durante esse período de quarentena.
Nesse período de maior sedentarismo, a queixa de dor e inchaço nas pernas aumentou apenas nos pacientes que já sofriam com problemas de circulação – MITO
Cansaço, peso, queimação e inchaço nas pernas são sintomas que estão atingindo até mesmo as pessoas saudáveis, sem problemas vasculares, nesta quarentena. Isso vai sendo observado principalmente no final do dia, depois de uma longa jornada na frente do computador, ressalta a cirurgiã vascular Veridiana Brito.
Esses sintomas podem ser revertidos sem medicação – VERDADE
Não é necessário usar remédios em pessoas que não são portadoras de doenças vasculares. O mais importante é a mudança de hábitos. A cada uma hora na frente do computador, dê uma caminhada pela casa. É fundamental se movimentar de tempos em tempos. “Sem essa capacidade de ir e vir na pandemia, as doenças vasculares explodiram”, diz a médica.
As meias elásticas são boas aliadas para melhorar a circulação sanguínea – VERDADE
Sim, elas são excelentes. O grande cuidado é na hora da compra. Não é qualquer meia que funciona para qualquer pessoa. Elas são graduadas em miligramas de mercúrio e cada uma é indicada para determinada gravidade da doença. Temos as leves, as moderadas e as intensas. É preciso que a meia seja prescrita por um vascular, que vai indicar qual o modelo correto para cada caso.
O desejo de urinar se intensifica no frio – VERDADE
Para manter a temperatura corporal equilibrada no clima frio, os vasos sanguíneos periféricos se comprimem para diminuir a perda de calor. Isso reduz a eliminação de líquido pela pele e, consequentemente, aumenta a vontade de urinar. Outro fator é o consumo de bebidas quentes, que, muitas vezes, contêm cafeína, que irrita a bexiga. Mas é preciso ficar atento! “A vontade de urinar pode estar relacionada à cistite ou bexiga hiperativa, condição que, além do aumento da frequência de idas ao banheiro, pode causar urgência miccional e noctúria (vontade de urinar durante o período de sono)”, diz o urologista Mark Fernando Neumaier.
Mulheres costumam ter mais infecções urinárias do que os homens – VERDADE
A uretra da mulher é muito mais curta que a do homem, o que favorece a entrada de bactérias na bexiga. Outros fatores também favorecem o desenvolvimento de cistites, como pouca ingestão de água, retenção da urina por muito tempo e candidíase vaginal. “É importante equilibrar o consumo de água diário com as idas mais frequentes ao banheiro. Urinar logo após o ato sexual também auxilia na expulsão de eventuais bactérias”, explica o médico.
Cistite não é uma doença grave – MITO
Dor ao urinar, aumento da frequência urinária, sensação de que a bexiga não esvaziou totalmente são os sintomas mais comuns da cistite e devem ser tratados com antibióticos e acompanhamento médico. Geralmente, em 50% dos casos, a cistite pode acabar espontaneamente. No entanto, sempre há o risco da doença evoluir para uma pielonefrite. Isso acontece quando a infecção atinge os rins, causando febre, dor lombar e no corpo, além de perda do apetite e até mesmo, uma sepse (infecção generalizada).
Friagem causa cistite – MITO
As dicas das avós, de que as mulheres não devem se sentar em superfícies frias, ficar com os cabelos molhados ou sentir frio, para não desenvolver uma cistite, são mitos. “A mudança de temperatura pode causar vontade de urinar, como reflexo do corpo, mas não desencadear uma doença. Já a exposição ao frio, aliada a outros fatores, pode contribuir para baixar a imunidade, o que facilitaria o aparecimento de infecções”, explica o urologista.
Homens não devem ficar muito tempo sentados – VERDADE
A infecção urinária nos homens não é tão comum como nas mulheres, porque a uretra é maior, dificultando que as bactérias cheguem à bexiga. No entanto, o home office tem feito com que as pessoas passem mais tempo sentadas em frente ao computador, condição que pressiona a próstata e favorece sua inflamação, conhecida como prostatite. Os sintomas podem variar muito, desde a vontade de urinar com maior frequência até a sensação de não ter esvaziado totalmente a bexiga ou apresentar um quadro mais silencioso, como febre, dor lombar, ardência no final da micção, dor quando ejacula e na ponta do pênis.
Ingerir água também é uma forma de prevenção – VERDADE
O consumo adequado de água estimula o funcionamento do aparelho urinário e ajuda a prevenir inflamações na bexiga e o surgimento de pedras nos rins. Já bebidas com muito sódio, como refrigerantes e sucos com conservantes, favorecem a formação de cálculos. “É importante se manter atento a sinais como dor ao urinar, alteração na micção, sangue na urina e dor nas costas, sintomas que podem estar relacionados a doenças como câncer nos rins, na bexiga ou na próstata. Exames diagnósticos periódicos também ajudam a evitar o agravamento de doenças”, ressalta o urologista.