De onde vêm os resíduos encontrados nas praias de Santos durante o período de isolamento social? E que tipo de resíduo é esse? Essas são as perguntas que norteiam a pesquisa pioneira realizada pela Secretaria de Meio Ambiente de Santos para identificar as fontes de resíduos marinhos que atingem o Município.
A quarta e última etapa do trabalho ocorreu em maio, verificando mais de 60 tipos diferentes de resíduos e a diminuição de bitucas de cigarro e canudos provenientes de frequentadores, entre moradores, turistas e ambulantes, que representavam mais de 40% dos resíduos da praia.
O estudo, que vai permitir o aprimoramento das políticas públicas e a otimização da destinação de recursos, integra convênio assinado em 2018 entre a Semam, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e a Agência de Proteção Ambiental da Suécia, e conta também com a participação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Baixada Santista.
“Com essa pesquisa detalhada e avançada, conseguiremos trabalhar uma educação ambiental mais eficaz, por uma praia cada vez mais isenta de resíduos, já que conseguiremos demonstrar tecnicamente quem é que gera esse resíduo. À medida que combatemos melhor isso, teremos benefícios à fauna marinha e a quem frequenta a praia”, afirma o coordenador de políticas ambientais, Marcus Neves Fernandes, da Semam.
TRÊS FONTES
Conforme a Semam, são três fontes geradoras de resíduos: o frequentador (moradores, turistas e ambulantes), a fonte difusa (canais e navios) e comunidades que descartam os resíduos que acabam sendo trazidos pelo canal do estuário. “Nesse momento em que a praia está fechada e temos várias restrições, percebemos que o canudo virou artigo raro. Mas, por outro lado, o que vem da maré dá um indicativo muito grande de que muita coisa vem das palafitas e tem um perfil domiciliar e pode vir de outras cidades também. Essa quarta coleta ajuda a responder essa e outras perguntas”, acrescenta a coordenadora técnica da Abrelpe, a geógrafa Gabriela Gomes Prol Otero.
PLANILHA
Iniciado em março, o trabalho foi realizado em trecho previamente delimitado – área de 15x45m na areia fofa e de 15x60m na areia úmida. Foram duas coletas com maré baixa e duas com maré alta. A coleta do microlixo foi manual e todo o material, entre bitucas, pedaços de plástico, tampas de garrafas e lacres de refrigerante, foi levado à Semam para triagem e análise.
Todos os dados das quatro etapas serão inseridos na planilha de monitoramento do Programa Nacional de Combate ao Lixo no Mar, lançado em Santos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) em 21 de março de 2019. “Esses quatro levantamentos nos permitem fazer uma análise científica bastante acurada. O objetivo é que essa planilha possa ser utilizada em todos os municípios brasileiros”, disse Fernandes.