Eleito com um discurso de combate à corrupção e pela moralização da política, o presidente Bolsonaro enfrenta problemas domésticos que podem afetar sua imagem: seus dois filhos, o senador Flávio Bolsonaro, e Carlos, vereador no Rio de Janeiro, estão sendo acusados de práticas que sempre foram condenadas pelo pai.
Aos fatos: O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga se Flávio Bolsonaro teria comandado uma organização criminosa para a prática de peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro. A suspeita surgiu após a quebra de sigilo bancário de 86 pessoas e 9 empresas que tiveram movimentação financeira atípica, segundo o Coaf.
As investigações indicam que o esquema seria organizado por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio entre 2007 e 2018. Na conta de Queiroz foram identificados depósitos atípicos da ordem de R$ 1,2 milhão.
Tofolli barra investigações
As investigações, no entanto, foram suspensas pelo presidente do STF, Dias Toffoli, a pedido da defesa de Flávio Bolsonaro. A decisão de Toffoli provocou protestos de procuradores.
O coordenador da força tarefa da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, Eduardo El Hage, disse que a medida representa “um retrocesso sem tamanho e vai suspender todas as investigações de lavagem de dinheiro no Brasil”.
Já o procurador Carlos Fernando dos Santos, ex-integrante da Lava Jato de Curitiba, afirmou que a decisão de Toffoli “é uma monstruosidade jurídica e só pode ser entendida como mais um atentado contra o combate à corrupção”. E concluiu: “Triste o país que tem pessoas como ele em posições que não merecem”.
Os problemas de Carlos
Já o vereador Carlos Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por suspeita de uso de funcionários fantasmas em seu gabinete e pela prática de “rachadinha” – quando o servidor divide parte de seu salário com o parlamentar.
Uma das supostas funcionárias fantasma é Nadir Barbosa Goes, uma idosa de 70 anos, que recebia salário de R$ 4.271,00, mas que admitiu ao jornal Folha de S.Paulo jamais ter trabalhado para o vereador.
Nadir é irmã do militar Edir Barbosa Goes, de 71 anos, assessor de Carlos. Encontrado em sua residência pela reportagem da Folha, Edir disse que não é obrigado a trabalhar na Câmara todos os dias. “Não tem espaço físico lá,” justificou. Questionado sobre sua função, respondeu; “Não importa”.
Outra funcionária que seria suspeita de ser “fantasma” é Cileide Barbosa. Ela recebia R$ 7.483,00 e acabou sendo demitida.
Em meio às denúncias, o vereador Carlos Bolsonaro pediu “licença não remunerada” da Câmara do Rio para acompanhar seu pai, no hospital, que passou por nova cirurgia.