Rui Reche Barbosa: chr39A caridade é a maior demonstração de amor que existechr39

Rui Reche Barbosa é Presidente da Associação Espírita Seara de Jesus que atende por intermédio a Escola de Educação Especial Meimei. Trabalha no local há 27 anos, onde iniciou como Membro da Diretoria. Espírita por predestinação e com a crença absoluta de que “fora da caridade não há salvação”, se dedica a prática de promover a educação de crianças, adolescentes e adultos com deficiência intelectual leve e moderada e distúrbios de aprendizagem. Hoje, o local atende a 71 alunos carentes a partir dos seis anos de idade.

O que é educação especial?
A característica principal da educação especial é a formação. A criança que não tem problemas pode ser colocada em uma classe com 40 alunos e ela vai aprender. Aqui na escola, uma criança especial requer uma atenção especial, e não só a presença da professora. A quantidade de alunos por classe é uma das características de sucesso da escola. São oito alunos no máximo, quando muito, 10. São vários tipos de deficiências e é cada um dentro da sua especificidade e priorizamos respeitar isso.

Quais programas pedagógicos são oferecidos para os alunos?
Além da professora que ensina pedagogia, há todo um corpo técnico que atende esse público. Temos uma Psicóloga, Fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta e Assistente Social que faz a ponte com as famílias. A assistência se completa aí com pessoas qualificadas à área. 

Quais são os principais desafios de promover a educação especial?
A inclusão social. Ainda existe o estigma muito presente. Há crianças no ensino regular que não assimilam como os demais. Essa escola entra em contato com a Secretaria da Educação de Santos, que o encaminha para cá para darmos esse suporte pedagógico que é trabalhado em todas as áreas. O professor vê qual é a dificuldade dele, um relatório detalhado é passado para nós e aqui acontece a triagem para traçar qual é o encaminhamento dele e qual suporte irá precisar.

Qual é a diferença de educação especial e educação inclusiva?
A educação inclusiva dá atenção a alunos que estão na rede e que não tem deficiência, mas sim uma dificuldade transitória que a escola não consegue solucionar sozinha. E com o trabalho realizado aqui, com professores especializados e toda a assistência de psicólogos e terapeutas, procuramos resolver isso. Então, a Escola atende a esses alunos no contra turno, dando suporte ao Ensino Regular, para que ele consiga resgatar etapas não assimiladas na sala de aula.

Já chegou algum caso que vocês não puderam atender?
Sim. Principalmente na faixa etária dos seis anos. Para atendermos alguns casos como autismo mais grave precisaria de uma sala menor com menos alunos, um professor e um auxiliar. E não temos esse suporte. Mas quando isso acontece, damos a devolutiva para a Seduc e eles encaminham para aquela que melhor sabe trabalhar com esse alunado.

Como é o contato com os pais?
Boa parte é presente. Em eventos festivos eles comparecem, além das quatro reuniões mensais que acontecem durante o ano. Com relação aos alunos do contra turno, vemos pais mais resistentes, pois acham problema o filho estar na educação especial. Já tivemos também alunos resistentes também por estar aqui e ter uma dificuldade. Mostrar que o aluno só não está aprendendo algo no mesmo ritmo que os outros é difícil. O preconceito ainda é a pior barreira nessa questão a ser enfrentada. 

Como a escola é mantida financeiramente?
Temos uma parceria com a Prefeitura de Santos através da Seduc que nos oferece uma ajuda substancial. Muito importante para a sobrevivência da Escola em especial. Mas o custo é muito alto. Todos esses funcionários são registrados, então corremos atrás das diferenças. Todas às terças-feiras fazemos um brechó e uma vez por mês realizamos um chá beneficente. Além disso, somos uma entidade filantrópica sem fins lucrativos, então temos um corpo de associados que colaboram com o que podem e quando conseguem dentro de suas periodicidades. Também há pessoas muito generosas que fazem suas doações de dinheiros, alimentos, roupas para o brechó e por aí vai. Toda ajuda é bem vinda!

Qual é a importância da caridade?
Uma das máximas do espiritismo é que “fora da caridade não há salvação”. É a maior prova de amor que existe. As religiões salvam porque são os caminhos que Deus colocou a nossa disposição, mas não há a melhor porque todas são boas. E não é isso que vai importar, mas sim o que você fez com o tempo que Deus te deu. A caridade é um dos atos mais importantes para podermos viver em fraternidade. Se houvesse um pouco mais de caridade, todos viveriam bem. 

Foto: Cassio Laranja/Jornal da Orla