A postura belicista do presidente Jair Bolsonaro e sua incapacidade de debater problemas ambientais com seriedade podem custar ao Brasil um preço bastante alto em termos econômicos. O presidente da França, Emmanuel Macron, já trabalha ostensivamente para boicotar o acordo da União Europeia com o Mercosul e, na sexta-feira (23), foram realizados diversos protestos pelo mundo contra Bolsonaro. A segurança nas embaixadas do Brasil em diversas capitais tive de ser reforçada por conta das manifestações.
“Jamais tivemos nos últimos 50 anos um desastre de imagem tão catastrófico e irreparável como esse”, afirmou o ex-ministro Rubens Ricúpero.
O agronegócio já teme que os problemas provocados pelas falas intempestivas do presidente brasileiro, e corroboradas por integrantes do governo, acabem provocando um boicote internacional a nossos produtos.
A exemplo do pai, Eduardo Bolsonaro, que sonha em ser embaixador nos Estados Unidos, também se comporta como um elefante em loja de louças. Irritado com as críticas de Macron à política ambiental do governo brasileiro, Eduardo chamou Macron de “idiota”. O fato, por si só, revela o que o clã Bolsonaro entende por “diplomacia”, e explica a pressão internacional contra o Brasil.
Rota suicida
O agravamento da crise provocada pelos incêndios na Amazônia e pelos desatinos de Bolsonaro, que faz piadas sobre o tema, se intitulando “o capitão motosserra”, repercutiram de forma negativa nos principais jornais da Europa.
O Le Monde, da França, o Guardian, do Reino Unido, e o El País, da Espanha, destacaram a pressão da comunidade internacional sobre Bolsonaro e alertaram para os riscos que os incêndios na Amazônia representam para a estabilidade climática do planeta.
Em sua manchete principal, o Guardian afirma que “líderes mundiais pressionam o Brasil para desviar de rota suicida em incêndios na Amazônia”.
A reação dos líderes
O premiê britânico, Boris Johnson, afirmou estar profundamente preocupado com o impacto das chamas e, a exemplo do presidente francês, vai abordar o tema na reunião do G-7.
Já Macron (ao lado) acusou Bolsonaro de ter mentido sobre a política climática do Brasil durante a reunião do G-20, em julho, e confirmou que estuda desistir do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
Resta saber qual será a posição de Bolsonaro diante da pressão internacional. Se simplesmente insistir em ser “o capitão motosserra” corre o risco de transformar o Brasil em um pária internacional.
O tempo dirá.