Muita gente que votou em Jair Bolsonaro com a convicção de que ele era a melhor alternativa para impedir a volta do PT ao poder já colocou as barbas de molho. Passados quase cinco meses de gestão, o desapontamento é patente não por um fator ou outro, mas pelo conjunto da obra.
As trapalhadas dos ministros da Relações Exteriores, Educação (dois), Direitos Humanos, Meio Ambiente; as contradições do ex-juiz e agora ministro da Justiça, Sérgio Moro; as brigas internas detonadas pelo guru espiritual da família Bolsonaro, o expatriado Olavo de Carvalho; a proposta de reforma da Previdência que patina no Congresso; cortes na Educação com tintas de revanchismo ideológico, que levaram milhões de pessoas às ruas para protestar.
Se já não bastasse tudo isso, o eleitor circunstancial de Bolsonaro (aquele que discorda das posições reacionárias do então candidato, mas votou nele para “tirar o PT”) vê com muita preocupação as denúncias contra o senador Flavio Bolsonaro (o Filho 02) ganharem cada vez mais traços de realidade.
A grande suspeita é de que as investigações acabem alcançando o próprio presidente. Décadas atrás, o então deputado do baixo clero eleito por uma parcela específica da população fluminense não sonharia que um dia devassassem seus passos.
O eleitor de Jair está se acostumando a parar de sorrir a vai começar a ranger os dentes…
Foto: Fernando Frazão/ABR