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De Rosis quer melhorar comunicação da Câmara

26/01/2019
De Rosis quer melhorar comunicação da Câmara | Jornal da Orla

O presidente da Câmara de Santos, Rui de Rosis (MDB), avalia que é preciso aproximar o Legislativo da população, melhorando a sua comunicação. Segundo ele, os munícipes avaliam mal o desempenho dos vereadores por não tomarem conhecimento de suas ações. Ele acredita que é possível estabelecer uma boa relação com o Poder Executivo, com colaborações mas sem perder a independência. Entre os principais problemas que a cidade enfrenta, De Rosis destaca a questão dos moradores de rua e os alagamentos e congestionamentos na entrada da cidade. 

 

Quais suas prioridades como presidente da Câmara?
Rui de Rosis-
A Câmara precisa de algumas reformulações, mas a minha principal prioridade é trazer de volta a população. Eu quero a participação e o envolvimento da população direta com o vereador. Eu acho que é a coisa mais importante. Não basta só votar no vereador, tem que se acompanhar o trabalho. Isso é de suma importância. Eu acho que a Câmara está muito vazia e a população está muito longe dela. A política está aí, existe, e nós temos que trabalhar para melhorar.

 

E como aproxima a população?
De Rosis-
A Câmara precisa ter uma maior visibilidade. A população tem que saber os trabalhos que ela faz. Tem vereadores competentíssimos. Em uma audiência pública não vai nem vinte pessoas. Então, nós temos que mostrar isso. Eu acho que o grande desafio do meu mandato é voltar a ter as galerias da Câmara cheias, a população voltando para discutir com o vereador, para que nós mudemos um pouco. Nós precisamos mudar a política! E como faremos isso? Somente pelas câmaras municipais. Nós precisamos ter representatividade na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal, e é só nas municipais que isso começa. É o grande “bê-á-bá” do negócio, você começa a aprender lá e, aí sim, nós vamos chegar a ter bons políticos em Brasília. 

 

Como será a relação com o governo municipal?
De Rosis
– Eu espero, e essa é a obrigação da Câmara, que seja a melhor possível. São os poderes harmônicos, mas independentes. Logicamente que vou respeitar, e a Câmara está ali para dar suporte e sustentação a um bom desenvolvimento do Executivo, porque aí traz a sociedade sempre atenta aos bons projetos. A Câmara tem duas funções só: fiscalizar e fazer projetos de lei. E nós temos uma quantidade enorme de vereadores que têm uma forma muito positiva de pensar. Agora, o prefeito Paulo Alexandre, no meu entender, tem feito uma boa gestão, ainda mais passando por uma crise como a que passamos.

 

Em relação ao Governo do Estado, o governador João Dória suspendeu alguns convênios da Baixada Santista, alguns envolvendo Santos. A Câmara pretende se mobilizar para reverter isso, já que essa medida causa prejuízos à Cidade?
De Rosis-
Sim. Nós estamos no recesso parlamentar, voltamos no dia 4, e eu tenho conversado com os vereadores. Ele (Doria), logicamente, não por uma questão pessoal que teve pela forma que o prefeito não entendeu que ele pudesse ser o governador, descontar na Cidade. Santos continua no seu ritmo e o prefeito tem todos os direitos de optar por aquilo que ele deseja. Naquele momento não foi o candidato dele, mas não pode se vingar na população e em todo mundo que faz um bom trabalho. Eu acho que ele tem que rever esse posicionamento.

 

Quais os principais problemas da cidade hoje?
De Rosis-
O principal são as pessoas em situação de rua. Eu acho que esse é um ponto muito importante. O segundo, nós vamos ter um pouco mais de trabalho, vai ser um incômodo muito grande durante algum tempo, mas nós vamos resolver a entrada da Cidade. Esse é “aquele músculo” que pega na gente e dói demais, mas vamos resolver essa situação. Conversei com o prefeito e ele me mostrou que em novembro já vamos ter duas pontes trabalhando para desenvolver aquilo. Na hora que mudarmos, não vai ter mais o alagamento na Nossa Senhora de Fátima. Ali foi feita toda a tubulação, foi tirada toda aquela areia que vinha dentro… Há mais de 60 anos não se abria aquelas tubulações. Toda areia e pedra foi entrando lá, e são tubulações gigantes. Então eu acho que é um problema que vai se sanar e resolver aquele pedaço. E o terceiro: nós precisamos definir se Santos é uma cidade turística ou portuária. Precisamos saber o que queremos. Santos foi muito grande e forte na época do cais, quando o Porto estava trabalhando. O centro da Cidade era fantástico, trabalhava-se em grande ritmo. O problema turístico está aí. A cidade convive com a sua praia e tem o seu turista, mas eu acho que nós temos que fazer um trabalho melhor pelo Porto. Eu sou totalmente a favor pela regionalização pelo Porto.

 

O então prefeito Papa tinha um projeto para os Armazéns 1 ao 8, que continuam abandonados. Qual seria a solução correta para aquela área?
De Rosis-
Nós precisamos buscar uma solução. É um projeto que tinha para se desenvolver. Todo mundo falava de Porto Madero, em Buenos Aires, que precisava resolver e fazer igual, e daria para fazer… Nós precisamos fazer a revitalização do Valongo.

 

O senhor acha que é possível convencer o presidente Bolsonaro a investir no Porto de Santos?
De Rosis
– Sim, e é aí que volto lá atrás. O santista precisa entender que nós temos que votar em candidatos da Baixada Santista. Essa é a representatividade que precisamos ter em Brasília. Há pouco tempo eu conheci o assessor de um deputado em Ilhabela e perguntei qual era a mágica para aquela região ter tantos investimentos e ele me respondeu: “representatividade”. É isso, a nossa população não elege políticos de Santos. Prefere votar em candidatos de outros lugares. E aí, o que acontece? Nós não temos isso. Há quantos anos estamos tentando ligar a Zona Noroeste à Zona Leste, 700 metros, e não conseguimos? Nós temos que voltar a impulsionar a nossa cidade. O porto tem que ser regionalizado! Chega de ter gente de Belém do Pará, Brasília, Rio de Janeiro, nós temos gente preparada para isso na Cidade. E por que o dinheiro tem que sair daqui, ir para Brasília e depois voltar para cá? Mas nós precisamos de representatividade. Sem isso, não vamos conseguir.

 

Como o senhor vê essa obra anunciada pelo prefeito, “a nova Ponta da Praia”?
De Rosis-
Fantástica e maravilhosa! Ele (prefeito Paulo Alexandre) me chamou para mostrar e eu fiquei encantado. Principalmente porque o prefeito foi inteligentíssimo. Fez por intermédio de contrapartida, a cidade de Santos não coloca um centavo. Será uma nova Ponta da Praia onde tudo vai ser valorizado e tudo vai melhorar. Ali já começa uma grande parte do Porto e vai ter outra visão. Aquelas placas do primeiro Armazém que já estão ali vai ser tudo o porto. A Codesp errou ao colocar o Terminal de Grãos ali, tinha que ser na Alemoa. É um problema, mas ainda há tempo de se recuperar. É uma parte nobre da Cidade, vai ter um belo centro de convenções, e o prefeito já me falou que o próximo Baile da Cidad será comemorado neste novo Centro de Convenções. Então, eu estou muito animado e feliz. Eu gosto da minha cidade assim, cheia, praia lotada, gosto de ver o trabalhador porque eu tenho uma consideração muito grande pelo estivador. Meu avô, pai da minha mãe, foi estivador e eu me lembro do amor que ele tinha. Lembro-me da honra que ele tinha por dizer que era estivador. Quero, cada vez mais, poder ajudar a minha cidade a se desenvolver. Quero uma Santos cada vez melhor.