Simplesmente Vinho

Borgonha degustando novas propostas

07/04/2018

Enoleitores, 

Nesta semana, quero falar sobre os vinhos da Borgonha: como “ler” os rótulos e algumas sub-regiões, não tão famosas, mas que fazem produtos de excelente qualidade e preços acessíveis. 

As encostas da Borgonha, na França, foram minuciosamente estudadas e catalogadas há séculos pelos monges cistercienses, indicando que cada vinhedo é único, conferindo características próprias a cada vinho. No final do século XVIII, pela lei da igualdade de heranças, os vinhedos foram ainda mais subdivididos. Nesta região é essencial conhecer não apenas o vinhedo de origem, mas também o produtor para se garantir a qualidade do vinho. 

A denominação dos vinhos baseia-se no conceito de terroir. Os mais simples são os regionais, produzidos em áreas mais amplas, que trazem no rótulo Bourgogne AC. Depois, são os Village AC, isto é pequenos vilarejos com vinhedos de boa qualidade ao seu redor: lê-se o nome do vilarejo no rótulo, como Mâcon-Azé AC.

Nesta sequência, vêm os Premier Cru AC, provenientes de vinhedos de grande qualidade. O nome do vinhedo aparece no rótulo junto ao do vilarejo, por exemplo, Mercurey Premier Cru Les Naugues AC. Por último, os produtos dos vinhedos mais renomados, pela qualidade de seus vinhos e produzidos em menor escala: os Grand Cru AC. Exemplo: Chablis Valmour Grand Cru AC.

As principais castas de uvas regionais são a branca chardonnay (48%), a tinta pinot noir (34%), seguida da gamay (10%) e a branca aligoté (6%), mas há também outras variedades (2%). 

Tive a oportunidade de saborear um pouco deste universo da Borgonha no evento em que a importadora Zahil apresentou suas novidades para 2018. Iniciei degustando os vinhos do Domaine de Rochebin, localizado em Mâconnais, bem ao sul da Côte D’Or, região conhecida por bons vinhos brancos da uva chardonnay, desde os mais leves e delicados aos mais estruturados.

Um vinho simples, o Bourgogne 2015 chardonnay apresentava uma cor amarelo palha reflexos verdeais, transparente; no olfato, frutas cítricas, predominando abacaxi; na boca, seco, fresco, equilibrado e persistente, deixando na boca a fruta em compota.

Já o Mâcon- Azé 2016 chardonnay apresentava uma coloração amarelo claro com reflexos verdeais, transparente; no nariz, frutas cítricas e frutas secas, toque mineral; no palato, seco, acidez correta, leve untuosidade e frutado no final de boca.

O Mâcon-Azé rouge é um tinto pouco usual da uva gamay, sem ser um Beaujolais. Mostrava a cor vermelho rubi violeta, transparente; exalava frutas vermelhas, forte mineral que lembrava fósforo recém apagado; na boca, seco, boa acidez, taninos finos, equilibrado, boa persistência.  Estes vinhos apresentam personalidade própria, numa região pouco divulgada mas que merece ser conhecida
Enoabraços e uma ótima semana a todos!