Enoleitores,
Em minha estadia em Punta del Este, Uruguai visitei esta vinícola localizada próxima ao vilarejo de Garzón, que empresta seu nome a esta empresa, localizada no bairro de La Barra, numa entrada durante o caminho para José Ignacio. Logo avista-se a placa e, por uma estradinha de terra, fomos adentrando e estranhando não avistarmos nenhum vinhedo até a entrada desta Bodega.
Do portão para dentro, outra paisagem. Montanhas, todas plantadas com vinhas muito bem cuidadas. Mas de tirar o fôlego é a arquitetura, bonita e moderna, no topo da colina, com uma vista exuberante para as plantações de videiras e oliveiras, pois eles também produzem um azeite excelente.
Ao invés da degustação clássica, por já conhecermos muitos de seus vinhos, optamos por almoçar, escolhendo para beber um branco e dois tintos, muito bons. São vinhos com uma personalidade peculiar pela localização (está a 18 quilômetros do Oceano Atlântico, onde a brisa do mar acaricia os frutos, assim como o solo marinho participa influenciando o terroir).
O restaurante está muito bem montado e a qualidade da gastronomia nos surpreendeu, tornando nosso passeio bastante agradável.
Iniciamos com um Albariño 2016 – singela vineyard, elaborado em tanques de concreto e 30% vinificado em barricas. De cor amarelo-palha com reflexos verdeais, translúcido e brilhante; no nariz, sentíamos as frutas brancas e cítricas, toque amanteigado; no paladar, seco, fresco, elegante, estruturado, longo, deixando um sabor defumado no final de boca.
Passamos ao tinto Tannat 2014, um varietal que foi premiado, no evento World Wine Awards, pela revista inglesa Decanter, recebendo 95 pontos. Apresentava cor vermelho-rubi, halo aquoso, brilhante; no olfato, aromas de frutas negras, especiarias como pimenta-do-reino, leve mineral, couro, defumado; no paladar, seco, acidez equilibrada, taninos finos, persistente, deixando uma fruta madura na boca.
O sommelier orientou para conhecer o varietal Garzón reserva 2015, da casta marselan de origem francesa, resultado do cruzamento da cabernet sauvignon com grenache, naquele terroir. Mostrou a coloração vermelho-rubi profundo, seu corpo tingindo a taça era bastante brilhante! No olfato, exalava frutas negras, especiarias, toque herbáceo, defumado ainda percebia-se leve álcool. No gustativo, seco, taninos finos, porém ainda jovens, pedindo amadurecimento e confirmando o álcool no olfato. Não estava pronto, por isso pedimos para arear no decantar, o que amaciou bastante, tornando-o muito bom! Era persistente, deixando na boca o sabor da ameixa preta em compota.
Na sua elaboração, foi fermentado em tanques de concreto e vinificado em bottis de carvalho de 5 mil litros e depois passou por barricas, ambas de origem francesa.
Valeu muito termos conhecido esta bodega, pois pudemos sentir o investimento e seriedade com que seus produtos são produzidos. Além de um ambiente requintado e uma paisagem indescritível, este passeio deve ser incluído em viagens dos apaixonados pelo universo do vinho e gastronomia.
Enoabraços e uma ótima semana a todos!
