Enoleitores,
Em nosso passeio por Portugal, conheci, a convite do amigo Tony Smith, da Quinta da Covela, da Boa Vista e Tercedeiras, o restaurante A Casa do Almocreve. Localizado a 45 minutos do Porto, entre as Serras do Minho e o Douro a seus pés, encontra-se o concelho de Baião, uma região rural e de rara beleza.
Estive lá jantando num ambiente rústico, mas refinado e acolhedor, onde pude saborear uma comida caseira, saborosa e de raízes, confeccionada nos fornos de barro alimentados a lenha.
Fui recebida pela proprietária, Alessandra, uma arquiteta que resolveu assumir e modernizar os negócios da famíla, que a todos recepciona com sorriso e atenção. Conforme ela relatou, o almocreve é uma homenagem ao antigo viajante que, em burricos de carga, viajava comercializando produtos nas zonas rurais de Portugal.
Iniciamos nosso encontro degustando um Covela Escolha 2013, branco, um Minho, das uvas avesso e chardonnay, bem apropriado para abrir o jantar. De cor amarelo claro, transparente, reflexos verdeais, apresentava aromas minerais, frutas brancas; na boca, fresco, elegante, levemente untuoso e longo, deixando na boca um sabor mineral. Foi muito bem com as entradinhas típicas, como pataniscas de bacalhau, azeitonas verdes carnudas, pão e azeite.
Passamos ao Covela Reserva 2013, um branco que parte passa por madeira entre 12 a18 meses, das castas chardonnay, avesso e arinto. De coloração amarelo palha com reflexo verdeal, exalava frutas brancas e abacaxi bastante presente; no paladar, seco, elegante, fresco, untuoso e longo, deixando um sabor mineral. Acompanhou muito bem o prato revelação da noite, a arroz de favas com frango alourado. Era o predileto de Eça de Queiróz (é citado no livro “A Cidade e as Serras”). No jantar, foi preparado na maneira tradicional. Estava de comer de joelhos!
Seguimos com o tinto Flor das Tercedeiras 2014, elaborado pelo enólogo Carlos Lucas, no Douro. Apresentava a cor vermelho violáceo; aromas de frutas negras maduras, especiarias, toque floral e baunilha; na boca, seco, acidez correta, taninos finos, elegante e longo, deixando gosto de ameixa em compota no paladar. Para acompanhá-lo, provamos outros dois pratos típicos regionais, elaborados no fogão a lenha e finalizados no forno de barro: o cachaço de porco e a vitela assada. Ambos casaram muito bem, tanto com o tinto como com o Covela Reserva. Apreciei muito esta combinação, pela estrutura do vinho branco.
Em Portugal, a refeição é uma questão de cultura, a fartura faz parte do menu. Houve quem terminasse com as sobremesas típicas, como leite creme queimado, uma das especialidades desta casa. Eu não consegui, sinceramente, me deliciar com elas.
Se vocês forem passear pela região, este é um local bastante agradável , típico e com ótima gastronomia para se deliciar…
Enoabraços e uma ótima semana a todos!