Simplesmente Vinho

Degustando os Vinhos da Quinta da Boa Vista

26/11/2016
Enoleitores,
Na visita que fiz à Quinta da Boa Vista, no Alto Douro (Portugal), uma propriedade histórica, tive a oportunidade de degustar alguns vinhos que, felizmente, já estão sendo comercializados no Brasil.
 
Iniciamos a degustação sob os cuidados de um dos proprietários, o inglês Tony Smith, que gentilmente nos apresentou esta vinícola e seus vinhos diferenciados. Ele adquiriu a propriedade recentemente, mas seus produtos são originados de vinhas velhas e, por serem bem vinificados, estão se destacando como os melhores da região.
 
O primeiro a nos ser servido foi o monocasta, Boa Vista – touriga nacional 2013. Este ano, foram produzidas apenas 660 garrafas (foi uma produção 30% menor, devido à muita chuva na primavera, o que levou a muitas perdas da fruta). É um vinho que estagiou em barricas de madeira francesa de 500 litros. Apresentava uma coloração vermelho violáceo, halo vermelho granada; exalava frutas negras maduras bastante presentes, toque de violetas, especiarias, baunilha; no paladar, seco, taninos finos, embora ainda jovem, boa acidez, elegante, equilibrado com médio corpo, persistente, deixando na boca um sabor de alcaçuz.
 
O segundo vinho, o Boa Vista – reserva 2013 (deste, foram vinificadas 5.000 garrafas), é considerado a espinha dorsal do projeto. É uma mescla de uvas provenientes de vinhas velhas e novas. Além da touriga nacional, apresenta a tinta cão. Sua cor era de um vermelho granada, com halo rubi vivo; aromas de frutas vermelhas, toque floral, especiarias, chocolate, couro; na boca, seco, ainda jovem, porém seus taninos já se mostravam finos, acidez equilibrada, elegante, longo, deixando um sabor de cerejas maduras.
 
O terceiro vinho apresentado, o Quinta da Boa Vista – Vinha do Oratório 2013, é originado de um único vinhedo instalado em vários degraus da encosta, construídos como um oratório (espécie de um semi-círculo) recebendo uma insolação totalmente diferenciada dos outros desta casa. Foi o meu predileto! É um vinho com a elegância dos grandes Douro: ainda é produzido pelo método tradicional de fermentação em lagar com pisa a pé. Apresentava a coloração vermelho granada, halo rubi; no nariz, sentíamos a presença de frutas negras maduras, especiarias, couro, chocolate; no palato, seco, elegante, acidez correta, taninos finos, estruturado, descia aveludado, persistente, deixando um sabor interessante de um toque herbáceo e ameixa madura, bastante longo.
 
O último degustado, o Quinta da Boa Vista – Vinha do Ujo, também é originado de um único vinhedo localizado numa encosta de difícil acesso, que recebe a manutenção das vinhas por funcionário montado a cavalo. É um vinho fermentado em barricas novas francesas de 500 litros. Tem cor de vermelho violáceo, com  halo vermelho granada; aromas bem frutados, de frutas silvestres negras, especiarias como pimenta do reino, chocolate; na boca, ainda jovem, merece guarda, taninos finos e equilibrados presentes, boa acidez, longo, deixando um sabor de compota de amoras na boca.
 
Para mim, os bons Douro são sempre um prazer em descobrir e degustar, por ser uma região onde se elaboram vinhos elegantes e sedutores, aliados à atual geração de enólogos portugueses, muitos deles descendentes de famílias vinhateiras tradicionais. De alguns anos para cá estão vez ousando cada mais,  em respeito ao terroir e capacidade das vinhas, aliados s uma tecnologia de excelência, tornando estes vinhos a cada dia mais atraentes.
 
Enoabraços e uma ótima semana a todos!