Fronteiras da Ciência

Um gesto de Natal

23/12/2022
Depositphotos

É comum os hospitais, na semana que antecede o Natal, na celebração do nascimento de Jesus, tentar mandar para casa o maior número possível de pacientes. No entanto, alguns sempre necessitam permanecer.

Esses são atendidos pelos médicos que obedecem à escala pré-fixada pela instituição hospitalar.

Naquele Natal, Rachel estava um tanto chateada. Por ser solteira, fora escalada para trabalhar naqueles dias, permitindo assim que seus colegas ficassem com seus cônjuges, filhos ou pais.

O imenso hospital estava em silêncio.

Rachel ia de um paciente a outro verificando o soro, indagando sobre sintomas, oferecendo medicamentos para a dor ou para dormir.

O Natal é uma época de muitas lembranças e vários dos pacientes desejavam falar sobre elas. Ela ouviu, naquela noite, muitas histórias.

Tristes umas, emocionantes outras. Até que chegou ao leito do Pedro. Era um homem velho, a respeito do qual ninguém tinha bem certeza da idade.

Um andarilho que nada mais trazia, quando chegara ao hospital, que a muda de roupa que o vestia.

Portador de enfisema crônico, os médicos o mantinham hospitalizado, evitando que ele retornasse ao frio intenso das ruas.

Era tímido e gentil. Alegrava-se por qualquer coisa e se mostrava agradecido pelos cuidados que recebia. Ele sorriu, ao vê-la.

Estendeu a mão, abrindo a gaveta da velha mesa de cabeceira, onde estavam guardados seus pertences e 2 laranjas, que ganhara naquela tarde.

Ele tomou de uma delas, estendeu para Rachel:

-Doutora, Feliz Natal.

Seus olhos demonstravam o enorme prazer que ele estava sentindo em ofertar-lhe a fruta.

E, de repente, muitas lembranças acudiram à memória da médica.

Recordou de sua infância, dos Natais em que sentia essa mesma alegria em dar presentes.

Algo seu. Especialmente preparado para a data, para alguém.

Tudo parecia tão distante e ao mesmo tempo tão perto.

Ela estendeu os braços e recolheu o presente, extremamente agradecida.

-Feliz Natal, Pedro. – Disse, comovida, os olhos cheios de lágrimas.

[com base em texto de Rachel N. Remen e da Red. do Momento Espírita]

É preciso muito tempo até que nos conscientizemos de que os bens preciosos que temos para dar não foram aprendidos nos livros.

Os verdadeiros professores andam por toda parte.

Basta saber colher as lições que sua sabedoria nos transmite, nos gestos desprendidos, simples, despojados.

Um gesto simples como estender a mão, sorrir e desejar Feliz Natal.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.