Covid-19 Saúde

Testagem ajuda a conter avanço da pandemia

14/01/2022
Alisson Pinheiro/Agência Brasil

A drástica redução no número de internados e mortos por covid-19 prova a eficácia da vacinação dos brasileiros no enfrentamento da pandemia. Mas outra estratégia é fundamental para conter o avanço da doença: a testagem da população.

Além de diagnosticar que a pessoa tem a doença e iniciar o mais rápido possível o tratamento (evitando complicações, que podem ser internação, UTI ou mesmo a morte), a testagem indica também que o infectado deva ficar em isolamento e, assim, evitar que contamine outras pessoas.

Risco de miocardite é maior em não-vacinados

Crianças entre 5 e 11 anos que tomam vacina para se proteger da Covid-19 não têm mais chance de terem miocardite, uma inflamação da parte interna do coração. Diversos estudos indicam justamente o contrário: o risco de desenvolver o problema aumenta caso a criança contrair o novo coronavírus e não estiver vacinada.

A criança que não se vacina corre o risco de desenvolver doenças como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica — são casos raros, mas severos, que podem levar à morte ou deixar sequelas.

Até o momento, não há relato de casos dessas complicações pós-vacinação no Brasil.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitátria (Anvisa) orienta aos vacinados com o imunizante da Pfizer que procurem atendimento médico imediato se tiverem sintomas como dor no peito, falta de ar e palpitações.

Tipo de teste depende de quando se suspeita que ocorreu a infecção

O infectologista Evaldo Stanislau explica que é o médico quem vai definir qual o tipo de teste mais adequado para ser aplicado na pessoa suspeita de estar infectada. Segundo ele, a escolha dependerá de qual o momento em que se suspeita que a contaminação ocorreu. Nesta entrevista, o médico fala também sobre a importância do autoteste e como conter o avanço da pandemia.

Existe “melhor teste” para detectar a infecção pelo novo coronavírus?
Evaldo Stanislau- Os testes são exames que vão procurar o vírus, proteínas do vírus, na forma da amplificação destas proteínas ou então a detecção de uma reação antígeno-anticorpo. O primeiro teste são os teste moleculares, o PCR, que são os melhores exames que têm. Por outro lado, eles têm uma dificuldade, porque eles ficam positivos por muito tempo. Então, às vezes eles atrapalham quando a gente quer fazer um diagnóstico de contagiosidade. Os exames mais simples, que ficam prontos na hora, são os testes de antígeno, que têm, além da possibilidade de fazer o diagnóstico, a capacidade de demonstrar se a pessoa naquele momento transmite ou não o vírus. Porque só tem antígeno positivo quem tem uma quantidade suficiente para transmitir o vírus naquele momento. Em outras palavras, quem tem antígeno negativo significa que naquele momento não estará transmitindo o vírus. Então, a recomendação é que o médico escolha o exame, dependendo do tempo suspeito de infecção, e pode ser feito tanto pelo PCR quanto pelo teste de antígeno.

Aliada ao avanço da vacinação, a testagem em massa é uma estratégia importante para conter o avanço da pandemia. Na sua avaliação, como deve ser feita esta testagem? Quem deve ser submetido ao teste? É possível fazer o autoteste?
Evaldo Stanislau- Fazer o autoteste, permitir que as pessoas façam teste sem sair de casa é uma grande estratégia para a gente fazer o monitoramento da expansão da pandemia. É um teste muito simples, o resultado fica pronto na hora, vários países estão utilizando. A pergunta que a gente quer responder com este teste é: neste momento eu estou ou não transmitindo o vírus. Com uma estruturação por parte do Ministério da Saúde, com apoio do sistema de saúde suplementar, que pode fornecer os exames para seus conveniados, e com apoio do setor produtivo (educação, indústria, setor de bancos e serviços), que forneçam testes a pessoas ligadas a eles, todo mundo poderia a cada dois ou três dias, ou se apresentar algum sintoma, fazer este autoteste, que nada mais é que o teste de antígeno, antes de sair de casa. E se estiver positivo significa que esta pessoa possa estar transmitindo a doença naquele momento, então não deve sair de casa, e deve entrar em contato com as pessoas com quem teve contato para que a gente faça o mapeamento e contenção da transmissão desse vírus para outros; Essa é uma técnica super importante, já tem vários países utilizando e que vai impactar muito na redução da circulação do vírus na nossa sociedade.

Evidente que a cepa ômicron não é bem-vinda, mas é possível que o aumento do número de infectados, combinado com o avanço da vacinação, signifique o controle da pandemia?
Evaldo Stanislau- Tem muita gente que diz que a chegada da ômicron seria o fim da pandemia. Isso é o no mínimo ingênuo, pois a pandemia só vai acabar quando tivermos vacinação simultânea para o mundo todo. A única maneira de reduzir a circulação do vírus é fazer a vacinação de todos, e ao mesmo tempo. Porque se a gente, por exemplo, vacina um país rico e não vacina um país pobre. Ou quando for vacinar um país pobre já ter dado tempo de surgir uma nova variante, o mundo inteiro continua sob ameaça. Então, a ômicron tem essa capacidade de disseminação muito rápida, está infectando muita gente mas a imunidade induzida pela ômicron ninguém sabe quanto tempo vai durar, se vai durar e se vai ser protetiva para sempre. Existem mais dúvidas do que certezas, a gente precisa combater a ômicron, e para isso precisamos da vacinação completa de todos, do uso de máscaras, de políticas para evitar aglomeração e para a gente consiga controlar a doença no mundo todo precisamos de vacina e também de tratamento. E hoje já temos remédios antivirais, que poderão ser utilizados no controle da infecção.