Fronteiras da Ciência

Tempo para viver

24/05/2024
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O escritor português José Saramago escreveu: Não ter pressa não é incompatível com não perder tempo.

Mas, hoje, o que mais se exige é rapidez. Rapidez em tudo. O computador deve ser de alta velocidade, é preciso pensar rápido, agir rápido para não perder negócios, para não pegar muita fila no banco.

No mundo dos executivos, ao contrário da realidade do trânsito, não há limite de velocidade. A multa é alta para quem anda lento.

Para esses, cada minuto conta. E se estressam somente contando o tempo que perdem aguardando o elevador, o semáforo abrir, o autoatendimento bancário lhes fornecer as informações necessárias.

São pessoas que se sentem culpadas quando param para um café, porque poderiam estar produzindo. A sua meta é executar projetos, ler apenas livros técnicos, acelerar a rotina.

E, no entanto, a vida é feita de pequenas coisas.

Felizes são aqueles que decidem subir pela escada para exercitar as pernas e a imaginação.

Aqueles que têm tempo para um sorriso ao desconhecido que está na fila, logo atrás, esperando sua vez para ser atendido.

Os que, em vez de engolirem um sanduíche rápido no escritório, preferem almoçar com um amigo, com calma, bater um papo descontraído.

Essas pessoas não costumam usar atalhos para encurtar caminhos. Elas preferem procurar estradas com paisagens com que se possam deliciar.

Quando viajam, vão com calma. Não têm hora para chegar. Param na beira da estrada para provar uma fruta e conversar com o vendedor, que sempre tem histórias para contar.

Quando descobrem uma paisagem bonita, param para apreciá-la. Alguns fotografam para levar consigo aquele momento mágico.

Esses são os que adotam a filosofia de que menos é mais. Menos velocidade é mais oportunidade de olhar para os lados e apreciar a natureza.

Menos horas de trabalho equivalem a mais tempo com a família. Tirando levemente o pé do acelerador das suas vidas têm mais tempo para ouvir música, ler um bom livro, assistir um filme, meditar.

Em síntese, têm mais tempo para viver. Em verdade, a velocidade máxima permitida para ser feliz é aquela que não nos deixa esquecer de que, além dos negócios, do trabalho, do dinheiro, o mais importante é a vida em si mesma.

[com base em texto da revista Exame e na Red. do Momento Espírita]

Todas as experiências do cotidiano nos enriquecem. Desfrutar de cada uma delas retirando o máximo de proveito, deve ser a meta do homem sábio.