Tefilin, uma Mitzvá fundamental do Judaísmo

O uso do Tefilin é uma das mais importantes Mitzvot (preceitos) da Torá. Tem sido observada e estimada por milhares de anos, até os dias atuais. A Torá menciona isso mais de uma vez, mas mais explicitamente em Deuteronômio. 6:8

Na história, certos grupos judeus – incluindo provavelmente os saduceus e, definitivamente, os caraítas medievais, entenderam o último verso como figurativo; significa apenas que a pessoa deve estar sempre preocupada com as palavras da Torá, como se estivessem diante de seus olhos. Os fariseus, porém, interpretaram o texto literalmente; as palavras da Torá devem ser inscritas em um pergaminho e colocadas diretamente entre os olhos e o braço. Os tefilin são enrolados no braço sete vezes, e as tiras na cabeça são ajustadas para que se encaixem perfeitamente. Um dos simbolismos dos Tefilin é a devoção e afeição entre Deus e Israel, que são citados como noivos. Assim, também damos três voltas em torno do dedo, que simboliza uma aliança, e uma tríplice referência ao noivado de Deus com Israel.

O texto, que é inserido dentro das duas caixas de tefilin consiste nos quatro conjuntos de versículos bíblicos nos quais os tefilin são ordenados. Cada par de tefilin é escrito e feito à mão por um escriba, como todos os textos sagrados do judaísmo.

A palavra tefilin é comumente traduzida como “filactérios”, embora o termo hebraico seja mais usado. Quase nunca um judeu que coloca tefilin os chama de “filactérios”.

Todos os dias, os homens judeus colocam os tefilin na cabeça e no coração. Eles contêm quatro passagens bíblicas específicas. A prática de amarrar ou “colocar” tefilin destina-se a elevar a própria consciência de um homem e todo o mundo material a um nível mais alto de espiritualidade.

Os versos dentro das caixas são os seguintes:

E te será por sinal na tua mão e por memorial entre os teus olhos, para que a lei do Senhor esteja na tua boca; porque com mão forte o Senhor vos tirou do Egito.
— Êxodo 13:9

E será por sinal na tua mão, e como totafot entre os teus olhos; porque com mão forte o Senhor nos tirou do Egito.
— Êxodo 13:16

duas vezes nas passagens do shema:
E tu os atarás como um sinal em teu braço, e eles serão como totafot entre teus olhos.
— Deuteronômio 6:8

Porás estas minhas palavras no teu coração e na tua alma; e os amarrarás como sinal no teu braço, e eles serão como totafot entre os teus olhos.
— Deuteronômio 11:18

Os tefilin servem como lembrança do êxodo do Egito, o evento mais importante da história judaica. Eles nos lembram que, sendo libertado da escravidão do faraó, o judeu agora está vinculado às leis de Deus.

O uso de tefilin implica o reconhecimento de Deus, com Shaddai, um dos nomes de Deus, soletrado durante a amarração das tiras de couro em sete voltas. Ao usar tefilin, uma pessoa confirma seu desejo de amar a Deus.

Os rabinos do Talmude são eloquentes sobre o valor do tefilin. O Talmud babilônico define um “pecador em Israel com seu corpo” como “uma caveira que não usa tefilin”.

No entanto, mesmo no período após a canonização do Talmud, havia uma certa frouxidão na observância dos tefilin. Alguns dos geonim (principais estudiosos do período) -e Tosafot (comentaristas do século XII-XIV – observaram que a repreensão talmúdica se aplica apenas àqueles que se recusam a usar tefilin por motivos não religiosos, mas se um homem não usa tefilin porque acredita que não atingiu a pureza de corpo e mente necessária para que sejam usados, ele não é pecador de forma alguma.

Sabe-se que o rabino Moses de Coucy viajou pela Espanha e França no ano de 1237 em uma missão de pregação na qual instava os judeus dessas terras a usar tefilin, argumentando que os pecadores exigem ainda mais esse “sinal” de fidelidade à lei Divina.

Aqueles que usavam tefilin no início da era rabínica aparentemente o faziam durante todo o dia, embora não à noite (todos os tefilin antigos conhecidos eram minúsculos).

Tefilin não é usado no Shabat e em certos festivais quando não há necessidade de um sinal adicional (o Shabat ou festival em si são considerados como um sinal adicional por direito próprio). Eles também não são usados pelos enlutados antes de um funeral, ou pelo noivo no dia do casamento, pois são vistos como sinais de adorno. Tefilin não são colocados para a oração da manhã em Tisha B’Av, mas são colocados para a oração da tarde. Em dias intermediários de festivais, judeus asquenazes na diáspora (fora de Israel) usam tefilin, enquanto judeus sefarditas e chassídicos, aderindo à tradição cabalística declarada no Zohar, não. Em Israel, praticamente ninguém usa tefilin nos dias intermediários de um festival.

Os judeus ortodoxos, embora não usem mais tefilin o dia todo, já que não acreditam ter o grau de pureza para fazê-lo, os usam para a oração, e os tefilin se tornaram uma das indicações da ortodoxia. Judeus conservadores usam tefilin, como os ortodoxos.

Ao longo dos tempos, os tefilin receberam várias interpretações simbólicas. Por exemplo, o tefilin da cabeça, o tefilin da mão e o uso do último em frente ao coração foram todos tomados para sugerir que a cabeça, o coração e a mão devem ser colocados em ação no serviço de Deus. A existência de quatro seções no tefilin da cabeça e apenas uma no tefilin da mão foi entendida para transmitir a ideia de que as opiniões podem diferir, mas a prática judaica deve ser uniforme.

Na Cabala, várias ideias místicas são lidas nos tefilin: que, por exemplo, representam na terra detalhes das Sefirot no alto.

Colocar Tefilin é a primeira mitzvá assumida por um rapaz judeu em seu Bar Mitzvá. Normalmente, os meninos são treinados para começar a usá-los um ou dois meses antes de seu décimo terceiro aniversário hebraico. Durante o período de treinamento, os meninos usam Tefilin, mas não recitam uma bênção. Após o Bar Mitzvá, uma bênção específica, “Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Rei do universo, que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou colocar tefilin”, é recitada sempre que eles são usados. Muitos judeus dizem bênçãos e orações adicionais ao colocar os tefilin.

Os tefilin são usados todos os dias da semana pela manhã, mas não no sábado ou na maioria dos feriados judaicos. No dia de jejum de Tishá b’Av, e somente nesse dia, eles são colocados durante a tarde em vez do serviço da manhã.

Entre os judeus praticantes, o tefilin é uma mitzvá da maior importância. Um grupo judeu, o Lubavitcher Chasidim, faz um esforço especial para promover a mitzvá dos Tefilin entre os homens judeus. Eles costumam montar vans, conhecidas como Mitzvá Mobiles, em bairros frequentados por judeus, onde estimulam a colocação dos tefilin. Eles o conduzem na recitação da bênção sobre os Tefilin e em algumas outras orações importantes, como o Shemá. Em Jerusalém, os Lubavitcher Chasidim também estão presentes todos os dias, exceto no sábado, no Muro das Lamentações (Kotel), encorajando as pessoas a cumprirem a mitzvá de Tefilin.

…