Saúde

Tabu sobre o sexo na terceira idade

06/09/2024
Imagem de freepik

O dia 6 de setembro é comemorado o Dia do Sexo, e pouco se comenta sobre a sexualidade em pessoas acima de 60 anos. A expectativa de vida dos brasileiros aumenta a cada ano, porém ainda existe um tabu sobre o sexo na terceira idade. Os benefícios da vida sexual ativa, já comprovados, desmitificam percepções do preconceito na sociedade.

Segundo o estudo publicado pelo “The Journals of Gerontology: Series B”   casais com maiores frequências sexuais tem uma visão positiva em relação ao casamento.

Outra pesquisa, do portal “Medical Daily” afirma que o sexo melhora a habilidade de linguagens e visuais, auxiliando nas habilidades cognitivas. Este exercício para o cérebro, também é afirmado pela aposentada Rosali Moura, 74 anos, que tem uma vida sexual ativa, “Um dos benefícios é ter disposição para realizar as atividades diárias”.

A revista “Sexual Medicine” publicou um estudo que mulheres mais velhas que tenham frequência de beijos e carícias, se sentem emocionalmente mais próximas de seus parceiros. Para homens mais velhos, a frequência sexual é associado um maior aumento no bem estar.

A psicóloga e terapeuta sexual Márcia Atik, explica sobre a importância da sexualidade. “É desejo de vida, de alegria, movimento, e o idoso que acha que a sexualidade não está ativa, ele para de se divertir, ele para de querer ir a academia, andar na praia”.

Márcia relembra casos de pessoas que voltaram a ter uma vida sexual ativa depois de um tempo, “Vejo viúvos que retomam a vida sexual, mas eles têm que ter em mente que não é o sexo de uma pessoa de 19 anos e, sim, um sexo adequado para alguém mais maduro”.

Mesmo com o tabu sobre o assunto, e principalmente para pessoas com mais idade, a sociedade começa a entender que sexo não é questão de dois órgãos se encontrando, mas, de todo o corpo se envolvendo, em momento íntimo.

“Nem sempre estamos bem para o sexo. Basta apenas conversar, abraços e muitos beijos” afirma Rosali sobre as mudanças de comunicação entre o parceiro. “Os maiores desafios, são a discriminação, mas não me incomoda” ao ser questionada sobre os desafios enfrentados na vida sexual para pessoas com mais idade.

Para Atik, a sociedade ainda tem o olhar que a pessoa mais velha está esperando a morte, mas que o idoso deve ter sua convicção sobre seus desejos, “O idoso tem que ter convicção de que a intensidade do desejo, a intensidade do prazer é prioridade pra ele e respeitando isso vive uma vida com sexualidade mais tranquila”.

Para Ricardo Oliveira, assessor especial de Longevidade da Secretaria Municipal de Saúde “As pesquisas indicam que pessoas com relacionamentos sexualmente mais satisfatórios podem experimentar níveis mais elevados do hormônio do prazer”. A Secretaria de Saúde de Santos informa que, atualmente, o acolhimento às pessoas idosas na rede municipal é realizado de acordo com a demanda trazida pelos pacientes, seja em rodas de conversa ou grupos de escuta, consultas médicas e de enfermagem nas policlínicas ou no Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas (CCDI – Rua da Constituição, 556).

O mesmo diz Rosali “Eu sinto que por eu ter a vida sexual ativa, meus hormônios aumentam e minha saúde mental é auxiliada”. Márcia conclui fazendo uma análise sobre a experiência sexual de alguns relacionamentos “Você ter um relacionamento estável em que, além do sexo, você troque experiência, conhecimento, sonhos e desejos, é muito mais completa do que apenas um ato sexual fugaz”.

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