Quando Sinfonia em Branco foi apresentado ao júri do festejado Prêmio Literário José Saramago, Pilar del Rio – jurada e esposa de José – confessou que soube, de imediato, que este livro ganharia a honraria. E assim foi: Adriana Lisboa recebeu das mãos de José Saramago a distinção que lhe era devida. Esta obra, portanto, carrega o selo Prêmio José Saramago. E isso não é pouca coisa.
Sinfonia em branco fala da tragédia secreta de uma família, uma desgraça congelada no tempo que sobrevive nas duas filhas de um fazendeiro. O romance se desenvolve de forma não linear, ora escurecendo ora iluminando, sempre conduzindo o leitor por clareiras misteriosas até o desvendamento do horror. A narrativa, entretanto, é coberta por tanta sensibilidade e trançada com tanta desenvoltura que a beleza e a ternura estão presentes até mesmo à beira do abismo – o leitor atento entenderá a referência.
Não há quem passe por suas páginas com indiferença. É daquele tipo de livro que habitará o imaginário do leitor e ganhará um espaço reservado e querido na biblioteca e no coração. Um romance arrebatador.
Motivos para ler:
1- A carioca Adriana Lisboa compôs sua Sinfonia em branco quase menina e, com ele, cativou José Saramago, um escritor muito mais experimentado e laureado com o Prêmio Nobel de Literatura. Perceba, portanto, que estamos falando de algo extraordinário, para dizer o mínimo. Daí para diante Adriana se consolidou como um dos grandes nomes da literatura brasileira contemporânea. Uma escritora incrível;
2- Uma das coisas mais difíceis nos domínios humanos é escapar do óbvio. Na literatura não é diferente: vê-se muitos escritores (alguns até renomados…) entregando textos desenhados de forma superficialmente sentimentais. Não é o caso de Adriana. Sua Sinfonia ecoa em notas originais. A escritora dá o fino ponto para romper as nuvens e atingir alturas pouco visitadas. A tudo isto chamamos de talento;
3- Este é um livro que tem tudo, e tudo muito bem trabalhado: amor, ódio, desprezo, comoção, amizade, ressentimento, rancor, força, expiação; tudo devidamente orquestrado pela maestria da escritora. Um livro para se indicar, sem medo de errar.
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