Saúde

Sensação de comida presa na garganta pode ser câncer de esôfago

20/04/2023
Sensação de comida presa na garganta pode ser câncer de esôfago | Jornal da Orla

Sensação de comida presa na garganta e dor no peito persistentes são sinais que precisam ser investigados, sob risco de ser câncer de esôfago — tubo do sistema digestivo que a garganta ao estômago.

O câncer de esôfago acontece quando as células do revestimento interno do esôfago passam a aumentar de maneira descontrolada. A doença pode se espalhar, invadindo outras camadas do órgão ou mesmo outros órgãos ao redor.

Segundo a oncologista Renata D’Alpino, que é especialista em tumores gastrointestinais, ingerir bebidas alcóolicas, muito quentes e fumar aumentam em até 5 vezes as chances de desenvolver a doença.

Sintomas

Na grande maioria dos casos, o câncer de esôfago é assintomático em fases iniciais, o que pode dificultar o diagnóstico.

“Quando os sintomas aparecem, é possível notar dificuldade de deglutição, dando a sensação de que a comida está presa na garganta ou no peito. Isso ocorre devido à obstrução da passagem de líquidos e alimentos. Outro sinal é a dor no peito, como se fosse uma pressão ou queimação; e ainda a perda de peso sem causa aparente, que pode chegar até 10% ou mais do peso corporal do paciente”, explica Renata D’Alpino.

A especialista lembra que estes sintomas não indicam que, necessariamente, a pessoa está com câncer no esôfago. “O diagnóstico correto é fundamental para o início do tratamento mais adequado ao paciente”, reforça.

Manter uma dieta equilibrada, não fumar, praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas alcóolicas ou quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para contornar o problema.

A vacinação contra o HPV é fundamental para evitar que a doença seja causada pelo vírus. Além do câncer de esôfago, ela também pode auxiliar na prevenção do câncer do colo do útero, ânus e boca “, alerta a médica.

Sintomas podem indicar câncer do esôfago

  • Sensação de comida presa na garganta
  • Rouquidão;
  • Tosse persistente;
  • Vômitos;
  • Hemorragia digestiva.

Prevenção

Alguns hábitos aumentam os riscos de desenvolvimento da doença:

  • Ingerir bebidas quentes demais (em temperatura igual ou superior 65ºC)
  • Tabagismo
  • Inalar poeiras de construção civil, vapores de combustíveis, entre outros
  • Consumir bebidas alcóolicas
  • Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e Gama)
  • Obesidade

Tipos de câncer de esôfago

  • Carcinoma de células escamosas- A camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer que começa nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio); e
  • Adenocarcinoma- Os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).

Diagnóstico

Após a queixa do paciente, o médico irá solicitar uma endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia e em seguida, após a confirmação da doença, exames de imagem para analisar o estadiamento da neoplasia. Os mais comuns são:

  • Endoscopia- Exame realizado com o paciente sedado em que um endoscópio com câmera avalia a parte interna do esôfago. Durante a endoscopia, são retirados fragmentos de lesões identificadas;
  • Ultrassom endoscópico- uma sonda que emite ondas sonoras fica no final de um endoscópio. Este teste é feito ao mesmo tempo que a endoscopia digestiva alta e é útil para determinar o tamanho de um câncer de esôfago e o quanto ele cresceu em áreas próximas. Também ajuda a mostrar se os gânglios linfáticos foram afetados pelo câncer;
  • Broncoscopia- pode ser feita para cânceres que estão localizados na parte superior do esôfago. O intuito é ver se ele está invadindo a traqueia ou brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia aos pulmões);
  • Toracoscopia e laparoscopia- são exames que permitem que o médico veja os gânglios linfáticos e outros órgãos próximos ao esôfago dentro do tórax (por toracoscopia) ou no abdômen (por laparoscopia) por meio de uma câmera. Também podem ser usados para obter amostras de biópsia. São exames realizados com o paciente anestesiado; e
  • Tomografia computadorizada (TC)- a TC de tórax, abdomen e pelve desempenha um papel crucial na detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor.
  • PET-CT- o exame mostra se existem alterações no metabolismo celular, produzindo imagens com tecnologia digital e recursos de raio-x. Além disso, ele analisa em qual estágio o tumor está, para que seja possível planejar o tratamento. O procedimento consiste na aplicação de uma substância que emite baixas doses de radiação à base de glicose por via venosa. Com isso, o especialista poderá investigar o consumo de glicose no organismo e eventuais problemas.

Tratamento

A partir do diagnóstico, o oncologista irá indicar o melhor tratamento para o câncer de esôfago, podendo variar entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isolada ou combinada). Quando o câncer de esôfago já se espalhou para outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.

” O objetivo é eliminar células cancerosas não observadas e ainda diminuir o tamanho do tumor”, explica a oncologista.