Santos

Santos investe na prevenção de tragédias

10/05/2024
Divulgação PMS

O país chora, nesta semana, pela tragédia no Rio Grande do Sul. Mudanças climáticas de um lado, falta de mentalidade de prevenção do outro.

Em Santos, um cenário de exceção: a cidade se tornou um oásis nesse deserto de imprevidência generalizada que caracteriza o Brasil. Iniciativas preventivas foram se diversificando e têm representado um escudo de proteção para o santista contra os dilúvios que se multiplicaram com as mudanças climáticas.

Essa tradição talvez comece no século passado com o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. Ele projetou um sistema de saneamento básico e outro de drenagem que mudaram a história da cidade. De centro de irradiação de pestes, como as epidemias que ameaçavam a atividade portuária eram chamadas, Santos, saneada, se consolidou como principal porto do hemisfério sul do planeta.

Os canais concebidos por Saturnino, que se tornaram a principal referência urbanística de Santos, foram implantados entre 1907 e 1911.

De lá para cá, outras iniciativas importantes foram reforçando essa mentalidade de prevenir tragédias e de preservar, com pioneirismo, o ambiente. Na década de 70, o emissário submarino complementou o sistema de drenagem e passou a lançar esgotos tratados em alto mar. No começo da década de 90, foi lançado um plano de prevenção de deslizamentos de encostas. Projetado pela geóloga Cassandra Nunes, no governo da prefeita Telma de Souza (PT), o plano foi adotado por todos os outros prefeitos que vieram na sequência: Capistrano, Mansur, Papa, Barbosa e o atual, Rogério Santos.

Em 2016, Santos se tornou a primeira cidade brasileira a implantar um Plano Municipal de Mudanças Climáticas. Em 2018, iniciou, em parceria com a Unicamp, um projeto-piloto inovador de proteção da Ponta da Praia com geobags, estudo em andamento. No ano passado, lançou o Plano de Ação Climática de Santos, com 50 metas estabelecidas para 2030.

O Programa Santos Novos Tempos, financiado pelo Banco Mundial, já entregou várias obras e tem o objetivo de proteger a Zona Noroeste, que tem enchentes mesmo sem chuvas, por estar em boa parte abaixo do nível da maré alta, preamar.

Outros programas que implantam galerias e tubulações de drenagem mais largas, estações de elevação e bombeamentos são o Nova Entrada da Cidade, em boa parte já implantado e o Santos Mais – Macrodrenagem, Acessibilidade, Inovação e Sustentabilidade, financiamento em negociação com o Banco de Desenvolvimento da América Latina.

A tradição de prevenção e preservação merece reconhecimento e continuidade. Porque as mudanças climáticas também atingem a cidade. Graças a essa prevenção, Santos conseguiu enfrentar neste ano, sem tragédias, os 584 mm de chuva de janeiro, precipitação 76% mais alta que a média dos últimos 30 anos para o primeiro mês do ano.