Este mês o programa Sabor de SP percorreu a última das 10 rotas gastronômicas do estado, completando o acervo da rica e diversificada culinária paulista e revelando o empenho de produtores artesanais e estabelecimentos comerciais típicos em transformar sabores e aromas em produtos turísticos.
O Sabor de SP foi criado pela Secretaria de Turismo e Viagens do Estado (Setur-SP) em parceria com o Senac e a Mundo Mesa. O projeto teve início em julho de 2023 e visitou mais de 100 municípios em 10 regiões mapeadas, com o intuito de fomentar o turismo gastronômico paulista no interior e litoral.
A última etapa aconteceu de 17 a 23 de março nos caminhos turísticos do Vale do Cafezal, Coração e Cuesta Paulista, que se espalham pelas regiões de Marília, Bauru e Botucatu, com forte vocação para a produção de café, alambiques, queijarias e outros produtos artesanais.
Restaurante Pé de Peixe, Botucatu – Cuesta Paulista
O Restaurante Pé de Peixe, na área rural de Botucatu a 5 km do centro, é uma deliciosa surpresa no interior paulista. Com uma bela vista para o Vale do Aracatu, o restaurante trabalha com pescado de criação do proprietário, André Camargo, e outros de rios do Norte e Centro-oeste do país, como o pirarucu e o tambaqui, e até do nosso litoral, como as ostras vindas de Cananéia.
Combinações criativas e apresentações inspiradas deixam os pratos ainda mais apetitosos. Um cardápio de comer com os olhos: tambaqui e legumes assados com legumes, costelinha de pacu, tartar de truta defumada, dedito de pirarucu com molho de açaí, camarão crocante, ceviche de tilápia com água de melancia, salada nordestina com camarão e feijão de corda são algumas das opções.
Alambique Moenda Velha, Bofete – Cuesta Paulista
Como diz o ditado, o olho do dono é que engorda o gado. No caso do Alambique Moenda Velha, na pequena e bonita cidade de Bofete, a produção tem as digitais dos donos, Luciano e Rosângela Souza, que acompanham de perto cada etapa do processo de fabricação da bebida, desde a colheita até o envasamento. O resultado são os cinco rótulos da cachaça artesanal Três Pedras, todas envelhecidas em barris de madeira e muito saborosas. A cachaça Amburana, por exemplo, dá um toque especial no brigadeiro de chocolate. O próximo lançamento será a cachaça Araribá.
Queijaria BelaFazenda, Bofete – Cuesta Paulista
Carolina Vilhena Bittencourt formou-se veterinária, estudou na Europa e nos Estados Unidos, mas retornou ao ninho para montar sua própria queijaria, a BelaFazenda, na propriedade da família em Bofete. O amor pela vida rural herdou do pai e a paixão pelas panelas da mãe. A escolha foi certeira e Carolina passou a elaborar receitas e fazer experiências que resultaram em queijos com sabores exclusivos e premiados no Brasil e no exterior. Um dos destaques é o Benzinho, de massa cremosa, sabor suave e casca “mofada”. O Sinueiro foi inspirado no cheddar tradicional inglês e ganhou medalha de prata no Mondial du Fromage, na França, em 2019.
Estância do Queijo, Botucatu – Cuesta Paulista
Tudo na Estância do Queijo, um laticínio artesanal na área rural de Botucatu, envolve memória afetiva. Desde os deliciosos queijos criados por sua dona, Juliana Furlan, até a decoração do ambiente e os quitutes preparados por Regina Helena, a Teka da Biscoiteria. Cheirinho e gosto de casa de vó. São todos queijos frescos, sem conservantes, como o requeijão de corte, queijo árabe nas versões zaatar e chimichurri, tem o queijo semi maturado no vinho, muçarela com requeijão e recheio de tomate seco. Uma vez por mês, Juliana realiza no terreno da estância uma feirinha reunindo outros produtores artesanais locais.
Empório e restaurante Verde Maduro, Bauru – Coração Paulista
Na área urbana de Bauru, o Verde Maduro é especializado em alimentos naturais e possui uma linha de congelados sem conservantes. pratos low carb e vegetarianos. Funciona como restaurante, empório e a loja dispõe de sofás e tomadas para períodos de café da tarde. O restaurante comandado pelos sócios Lucas Usó e Jonas Ferraz oferece refeições rápidas equilibradas e nutritivas.
Museu do Café de Piratininga, Piratininga – Coração Paulista
Criado há 10 anos, o museu funciona na histórica Fazenda São João, em Piratininga, região de Bauru, com itens utilizados na lavoura e no dia a dia dos antigos colonos. A proposta é de um museu a céu aberto, aproveitando as velhas construções que resistem ao tempo. A fazenda está em Área de Proteção Ambiental (APA) e é convidativa para atividades de arte-educação, recreativas, trilhas ecológicas, degustação de café e até observação de astros. Vale conhecer o restaurante da fazenda, em um ambiente simples que serve a autêntica comida da roça, feita na hora e muito saborosa.
Sítio Olho D’Água, Marília – Alto Cafezal
A simpatia e o acolhimento de Santina e Renata, mãe e filha proprietárias do Sítio Olho D’Água, em Marília, conquistam à primeira vista quem visita o lugar, onde é plantado e produzido o café Dona Santina, uma homenagem à matriarca da família. Ali, elas recebem com um café colonial enquanto contam como tudo começou. Hoje, a pequena torrefação produz 2.500 kg/mês de café. O sítio é parceiro de instituições educacionais da região e oferece estágios aos estudantes de cafeicultura, apicultura e cultivo de PANCs (Plantas Alimentícias Não Convencionais).
Restaurante Recanto da Roça, Marília – Alto Cafezal
O feijão tropeiro é o carro-chefe do Restaurante Recanto da Roça, referência em comida mineira na cidade de Marília. O prato é servido em um bufê ao lado de tutu de feijão, frango com quiabo, vaca atolada, torresmo frito, no total de 35 iguarias da tradicional cozinha de Minas. A sobremesa está incluída no preço e há 10 tipos de doces caseiros a escolher ou repetir – de abóbora, leite, banana, mamão … O restaurante do casal Ademir Bernardo e Ana Bonifácio é bem amplo, com decoração rústica e forno a lenha, o que deixa o ambiente ainda mais acolhedor. Aos domingos têm música ao vivo.
Risoteria Bella Cucina, Marília – Alto Cafezal
Quando assumiu o comando da Risoteria Bella Cucina, em Marília, Henrique Brandão resolveu inovar o cardápio com um toque pessoal. Uma das criações é o Filé Woronoff, escolhido pelo Sabor de SP, um medalhão de filé mignon selado em frigideira e banhado em molhos branco e roti. Uma curiosidade: em Marília comem muito rabada e, por conta desse gosto, ele criou o risoto de rabada. O rabo do boi é cozido por horas, depois a carne é desfiada e novamente vai para o fogo com mocotó. É nesse caldo que o risoto é preparado. Para quem gosta, prato cheio!
Flobella Empadas, São Manuel , Cuesta Paulista
Imagine uma empada de até 210 gramas de puro recheio e massa fina? Essa delícia existe na Flobella Empadas e faz sucesso na pequena cidade de São Manuel, região de Botucatu. Samantha Feliciano aprendeu o quitute com a ex-sogra e hoje oferece em seu estabelecimento 25 sabores de empadas. Além das tradicionais – como frango com catupiry, calabresa com queijo, palmito -, há combinações criativas, e não menos saborosas, como costela com catupiry e carne seca com cheddar. Samantha também prepara empadões por encomenda.
Engenho São Luíz, Lençóis Paulistas – Coração Paulista
Instalado em uma ampla propriedade na zona rural de Lençóis Paulistas, região de Botucatu, o Engenho São Luíz tem alguns de seus rótulos premiados pela Cúpula da Cachaça, ranking que reúne as 50 melhores aguardantes produzidas no país. É o caso da prata, descansada em tonéis de amendoim, e da extra premium, envelhecida por 36 meses em barris de carvalho. No total, são cinco rótulos. O local recebe visitas agendadas.
Engenho Bessi, Pederneiras – Coração Paulista
Irineu José Bessi, dono do Engenho Bessi, conquista pela simpatia e pela deliciosa cachaça e as derivações produzidas em seu sítio, na área rural de Pederneiras, região de Bauru. São 10 sabores, 26 tipos de licor e 12 diferentes batidas cremosas. Difícil escolher qual é o melhor. O carro-chefe é a cachaça Segredo, que leva mel e outros oito ingredientes (secretos, claro!). Tem também cachaça de coco e abacaxi, jabuticaba, café e até com pimenta. Atualmente, Bessi produz 60 mil litros/ano de cachaça premium e extra premium.
Feira itinerante, Garça – Alto Cafezal
Já pensou receber na porta de casa frutas e hortaliças fresquinhas plantadas com adubo natural? É este privilégio que o casal Leonice Vitorete e Antonio oferece aos moradores de Garça e cidades próximas. Na chácara Flambo-yan eles cultivam verduras, frutas e legumes e lotam a carroceria do carro para vender direto ao consumidor duas vezes por semana. De quebra, ainda levam produtos dos sitiantes vizinhos. No terceiro domingo do mês o casal abre a porteira ao público para o almoço na roça, com o famoso Entrevero, um combinado de carnes de porco, frango e vaca preparado no fogão a lenha e servido com pão de ervas colhidas no quintal.
Fazenda São Ramiro, Gália – Alto Cafezal
Uma antiga fazenda de café na pequena cidade de Gália, região de Marília, a São Ramiro ganhou novos ares quando os irmãos Dumon e Duilio Godoy assumiram o comando com a morte do avô, em 2020. A propriedade foi transformada em um polo de entretenimento e gastronomia, com restaurante, playground, pesqueiro, trilhas até a cachoeira, passeios de jipe e de cavalo, área para exposições etc. As panelas de barro no fogão à lenha exalam o cheirinho de comida da roça: galinhada, torresmo, rabada … De entrada, bolinho São Ramiro (nome em homenagem ao avô) para abrir o apetite.
Tosta Coffee, Garça – Alto Cafezal
Produtor do premiado café especial Alta Paulista, Cassiano Tosta é capaz de passar horas explicando o complexo ciclo de produção do café, desde o plantio até chegar à xícara. Em seu sítio, na área rural de Garça, ele tem produção anual de 450 sacas de variedades como Arara e Catual, entre outras, em versões moída e em grãos cuidadosamente selecionados. Também prepara um delicioso sorvete de café, baunilha e chantily. Cassiano demonstra muito conhecimento e paixão pelo que faz e costuma sediar em sua propriedade eventos e cursos relacionados à bebida.
Marília, Terra de Dinossauros
Desde 1993, quando o paleontólogo William Nava encontrou os primeiros restos ósseos de um Titanossauro (um dino herbívoro pescoçudo) no leito de uma estrada vicinal, Marília entrou na mira dos exploradores da vida pré-histórica. A região é rica em fósseis de dinossauros, inclusive com espécies novas identificadas como o Mariliasuchus, um crocodilo pré-histórico que ganhou o nome da cidade.
A cidade do centro-oeste paulista, a 443 km da capital, está localizada em um planalto e cercada por paredões de arenito formados há dezenas de milhões de anos. Parte dos mais de 2 mil fósseis de diversos grupos de vertebrados já catalogados está exposta no Museu de Paleontologia de Marília, coordenado por William Nava, como dentes de dinossauro, ovos de crocodilos e fragmentos de ossos.