A Regata Santos-Rio é um evento indispensável para velejadores que buscam enfrentar os desafios de uma prova oceânica. Durante a competição, os participantes cruzam o Atlântico Sul sob diversas condições de mar e vento, e, em média, dois dias depois, chegam em segurança ao acolhedor Iate Clube do Rio de Janeiro (ICRJ), na Urca, onde celebram suas conquistas. Antes da largada, o Iate Clube de Santos (ICS) fornece uma infraestrutura completa para os barcos e suas tripulações. A 74ª edição larga em 25 de outubro na Baía de Santos após o Desfile dos Barcos na Ponta da Praia, uma tradição entre os eventos náuticos da Baixada Santista.
Por ser ao mesmo tempo uma regata em mar aberto e relativamente curta, o desafio da Santos-Rio atrai anualmente os principais velejadores do País, incluindo-se medalhistas olímpicos e campeões mundiais, como Torben Grael, vice-campeão com o Phoenix em 2022. O Fita Azul foi o Crioula (RS) com 27h03m, mas o Rudá, do Guarujá, venceu no tempo corrigido. Em 2023,o Crioula, com sede em Angra dos Reis, foi novamente o Fita Azul (29h30m09s), mas também venceu a Classe ORC no tempo corrigido, além de ganhar a inédita “in port race” na largada.
O medalhista olímpico e campeão mundial Lars Grael traz no currículo, 20 participações em 40 anos de Santos-Rio. “É a mais tradicional e, provavelmente, a mais importante regata oceânica do Brasil. São 200 milhas que oferecem muitos desafios para se navegar, com opções táticas e variações dos ventos. Por isso é uma conquista sempre muito celebrada”, avalia Lars, que correu a prova pela primeira vez em 1981, a convite do comandante Paolo Pirani no one tonner Mohay, na regra IOR.
Lars recorda que o vento sul de forte intensidade provocou quebras, planadas e recordes na inesquecível regata de 1995. “Foi nessa Santos-Rio que meu irmão Torben fez a Fita Azul com o Polibrasil, um Farr 42, estabelecendo o recorde da prova, mas nós fomos os vencedores no tempo corrigido com o Farr 31 H3+. Ganhar a Santos-Rio planando com um barco de 31 pés em menos de 24 horas foi marcante. Mesmo com muitas avarias, fomos de balão de Ilhabela até a Restinga da Marambaia. Não tem como esquecer”, enaltece Lars, que correu pela última vez em 2021 com o Avohay.
Evolução da vela oceânica – Até 1950, as regatas disputadas no Brasil ficavam restritas a lagoas, represas, baías e rios, em águas mais abrigadas e seguras. A Santos-Rio surge, então, como a mais longa prova brasileira, com largada no Canal de Santos e chegada no Arpoador, em percurso de quase 200 milhas (cerca de 360 km). Os velejadores aprimoraram, então, a capacidade de navegar em mar aberto e passaram a desenvolver a vela oceânica no País.
Com a evolução de barcos e tripulações ao longo das décadas, na 65ª edição, os gaúchos do Camiranga, um Soto 65, completaram a prova em 18h09m, estabelecendo o atual recorde. A marca anterior pertencia ao Sorsa III (RJ), um Farr 53, com 19h33m. A regata de 2020 foi emblemática, pelo recorde de inscritos e pelas rajadas que atingiram 38 nós (70 km/h). Presenças ilustres, como a família Grael, Isabel Swan, Samuel Albrecht e Maurício Santa Cruz elevaram o nível da disputa. Sob condições extremas, dos 68 barcos que largaram, 30 abandonaram por avarias.
Regata dos Arvoredos, prévia da Santos-Rio – Neste ano a Regata Ilha dos Arvoredos, iniciada na década de 1980 pelo ICS, será oferecida como um prêmio para quem também inscrever-se na Santos-Rio. As inscrições para ambas estão abertas. Para a Santos-Rio, podem ser feitas nas classes ORC, BRA-RGS,RGS Cruiser, RGS Clássicos e Mini 6.5 pelos e-mails: [email protected] e [email protected] até às 10h30 de 25/10. Para Arvoredos, em [email protected] até às 17h de 11/10, exceto para Mini 6.5.
Os benefícios para as tripulações que optarem por correr nas duas regatas são significativos: valores reduzidos nas inscrições, retirada do barco da água para pequenos serviços de manutenção e gratuidade na permanência da embarcação no pier do ICS no período entre as duas provas, de 11 a 25 de outubro.