Projeto Cidadão

Projeto Cidadão visita Escola Total

09/05/2014
Projeto Cidadão visita Escola Total | Jornal da Orla
“Era uma vez um menino pobre, engraxate, que tinha um sonho de ser jogador de futebol…” Olhos atentos ao livro e atenção à história contada pela professora. Para as crianças do Programa Escola Total, da Prefeitura de Santos, a narrativa era nova e falava sobre a vida de uma personagem que eles sabem pouco, mas que o mundo do esporte conhece bem: Pelé. A atividade fez parte da programação da nova etapa do Projeto Cidadão, que tem como tema: “Santos, cidade do Rei e do Museu Pelé”. 

Na terça-feira (6), a equipe do Jornal da Orla visitou o Centro de Atividades Integradas Milton Teixeira, na Vila Mathias, para acompanhar a contação de histórias sobre a carreira do rei e o encontro entre o arquiteto responsável pelo projeto do museu, Ney Caldato, e os alunos do programa. 
 
Contação de história

Na sala de leitura do complexo, os estudantes, que cursam a segunda série do ensino fundamental, descobriram que Edson Arantes do Nascimento havia tido uma infância pobre e que, apesar de trabalhar nas ruas como engraxate para ajudar os pais, o menino persistiu no desejo de ser um grande jogador. Além disso, elas ficaram surpresas ao saber que, muito antes de Neymar e Messi, o futebol já havia consagrado Pelé como o melhor jogador de todos os tempos.  
A educadora Mariza Tânia Ribeiro, responsável por apresentar a história do rei do futebol aos pequenos, acredita no exemplo de vida de Pelé. “As crianças amaram conhecer a história dele, principalmente os meninos que têm o sonho de, um dia, ser jogador de futebol. E, hoje, por mais que ele esteja ausente dos campos, ele ainda é um ídolo presente na mente da geração”.

Bate-papo
Próximo dali, outro grupo de estudantes participou de um bate-papo com o arquiteto responsável por transformar os antigos casarões do Valongo em um museu moderno. Ney Caldato revelou, por meio de fotos, as peças do acervo de Pelé que farão parte do equipamento e explicou que esta não é a primeira tentativa de se construir um local para abrigar os objetos do rei. Os pequenos curiosos quiseram saber a história de cada peça apresentada pelo arquiteto que, ao criar o projeto deste museu, acatou a um pedido especial de Pelé: um espaço lúdico. “É muito gratificante conversar com as crianças e mostrar todo o trabalho que a Prefeitura vem realizando para o desenvolvimento da cultura na cidade. O museu vai ter, no primeiro pavimento, uma área pedagógica, onde as crianças vão ter todo o trabalho educacional voltado à ecologia e ao esporte. É um desejo do rei”, explicou.

Escola Total
Esta é a primeira vez que o Projeto Cidadão visita o Cais da Vila Mathias. Neste complexo, que atua no contraturno escolar, cerca de 500 crianças participam de aulas de balé, judô, artes, reforço, música, dança, entre outros. Além de receber a visita da equipe do projeto, elas vão participar, em suas escolas regulares, do concurso cultural promovido pelo Jornal da Orla, em que serão eleitos os melhores desenhos e redações sobre o tema desta etapa. 

A coordenadora do Escola Total, Selma Lara, comemora o fato de o Projeto Cidadão ir ao encontro das propostas trabalhadas pelos educadores durante o ano. “O Escola Total se baseia em múltiplas linguagens. São atividades complementares a todas as questões que a criança já estuda na escola. E o Projeto Cidadão estimula todas as temáticas da atualidade, como questões ambientais e da Copa do Mundo, por exemplo. São temas de interesse dos alunos que eles vivenciam, tanto no ensino regular, como aqui”, explicou a coordenadora.

Um sonho finalmente realizado
Desde que encerrou sua carreira, em 1977, Pelé tinha a ideia de fazer um museu onde pudesse dividir com os fãs as peças que colecionou ao longo dos anos e que retratam passagens marcantes em sua vida esportiva. 
 
Diversas cidades foram sugeridas para abrigar o museu, entre elas, Nova York e Tóquio, Rio de Janeiro. Mas, por ter uma relação afetiva com a cidade e o time que o despontou para o mundo, Pelé nunca desistiu de instalá-lo em Santos.
 
O primeiro projeto para o equipamento foi apresentado ao público em 2001. Desenvolvido pela Secretaria de Planejamento, a estrutura havia sido projetada para ocupar uma área da plataforma do Emissário Submarino, no bairro do José Menino. De acordo com o projeto, elaborado por Ney Caldato, o museu teria cerca de 5.500 m² de área construída, divididos em três pavimentos. A obra foi embargada pela Justiça em 2003, por uma ação do Ministério Público Federal que questionava o impacto ambiental.


O Museu Pelé finalmente foi viabilizado em 2010, quando o prefeito da época, João Paulo Tavares Papa, acertou com o próprio rei do futebol a utilização de seu rico acervo e o local que abrigará o museu.  Construído em 1865, o Casarão do Valongo já serviu como sede da Câmara Municipal (1894-1939) e da Prefeitura (1907-1939). O projeto manteve as características originais da fachada histórica. Na parte interna, o hall de entrada do museu terá um grande painel com informações sobre o museu e patrocinadores, uma loja e um bar café.  No térreo, a linha do tempo trará um resumo da vida e carreira, com uma mesa interativa digital, para o visitante tocar e ter todas as informações sobre Pelé. 

O mezanino contará com sete pavimentos: quatro de um lado e três do outro, que vão detalhar as fases do atleta no futebol.  No bloco interativo, uma holografia tridimensional de Pelé dará as boas-vindas.  No espaço, quatro jogos interativos mostrarão lances memoráveis do rei. Neles, os visitantes poderão fazer, por exemplo, um drible como ele fazia.

O bloco educativo vai receber exposições itinerantes e será usado para trabalhos sociais. O auditório terá capacidade para 90 pessoas. Em cima dele, haverá uma galeria cercada de vidro que abrigará, na estreia, fotos de José Dias Herrera (1920-2010) sobre a carreira do rei.  

No último pavimento será instalado o setor administrativo, além do acervo com cerca de 2,5 mil peças catalogadas, como objetos pessoais, fotos, filmes, troféus e material impresso. Entre elas, a caixinha de engraxate que usava para trabalhar nas ruas de Bauru, a primeira moeda que recebeu como pagamento deste trabalho, além de outras relíquias como uma réplica da Taça Jules Rimet entregue a ele pela FIFA em 1970, a camisa da primeira copa que disputou e o par de chuteiras que vestia no jogo em que fez o seu milésimo gol.  O rádio de pilha do pai de Pelé, João Ramos do Nascimento, o Dondinho, e a bola de meia usada nas primeiras peladas que o rei disputou também ficarão expostos.

Neste andar, estarão situadas as salas da diretoria e funcionários e a “Sala do Rei”, um espaço reservado para Pelé participar de entrevistas, reuniões e receber personalidades convidadas.